O Ranço do "Fake It Until You Make It"

Laboratório do Ser - Edição #018

Quem me acompanha no Instagram sabe que estou aparecendo cada dia menos por lá.

Ainda estou digerindo muitas coisas, mas achei que estava na hora de compartilhar com vocês o que anda acontecendo por aqui.

Esse modelo “rái tiquetchi” aí da foto, que é o que mais vemos na rede vizinha, me deu um ranço tão grande que estou considerando até desativar minha conta.

Afinal, eu tenho outro negócio offline. Sou sócia de uma Editora que já tem mais de 20 mil cartas sistêmicas vendidas e está em fase exponencial de crescimento. Minha sócia, Bianca Trombelli, e eu trabalhamos duro sem ostentação e sem stories no Instagram, sem muitos posts no feed. O nosso produto é bom. Por isso crescemos tanto. Ponto.

Além disso, já lancei um livro e pretendo lançar mais. Gosto de conteúdos mais profundos e, convenhamos, na rede vizinha as pessoas querem ver reels de dancinha.

Nestes últimos 2 anos investi um caminhão de dinheiro em mentorias onde me disseram:

  • Você tem que fazer 80 pontinhos de stories todos os dia

  • Tem que postar todo santo dia

  • Tem que fazer Live semanal

  • Tem que mostrar seu “Lifestyle” (é mais chique falar em inglês)

  • Tem que fazer lançamento com 7 lives de aquecimento e mais 4 oficiais

  • Tem que mostrar que vive o seu produto

Eu tentei fazer isso isso tudo. Sou muito executora. O mentor falava, eu fazia. O estrategista falava e lá estava eu executando.

Tentei participar da próxima corrida do ouro: qual será a próxima estratégia da vez que vai fazer com que eu tenha mais resultado com menos esforço?

Tentei webinários, vender no perpétuo…tentei o tal modelo high ticket de venda de mentorias, fiz lançamentos.

Não vou cuspir no prato que comi e dizer que não aprendi nada. Muitas estratégias me trouxeram resultados acima da curva. É verdade.

Mas, para isso precisava escalar a equipe. Contratei gente demais. Criei um modelo de negócio insustentável.

Tudo que entrava, saía.

Nos bastidores, vi que por trás de muitas plaquinhas de R$500 mil, R$1 milhão ou mais de faturamento, mora um expert esgotado, que mal vê os filhos e ganha menos que a designer da equipe.

Isso a Globo não mostra.

Então, tenho pensado: qual o modelo de negócios que quero construir para ser fiel aos meus valores?

O que NÃO estou disposta a fazer para estar no digital?

Conectada com meu coração, entendi que não estou disposta a:

  • Fazer 80 pontinhos de stories

  • Viver fazendo lançamentos

  • Viver na exaustão e na sobrecarga

  • Criar um personagem

  • Postar todo santo dia

  • Mentir para vender

  • Ter uma equipe gigante

  • Abrir mão do tempo para mim e para minha família. Isso é inegociável!!!

  • Ficar postando extrato da minha conta para mostrar quanto eu faturo, como se faturamento fosse a única medida do sucesso de alguém.

  • Ficar mostrando plaquinha de faturamento quando na verdade o que importa é o LUCRO da minha empresa e quanto sobra no meu bolso. Já cometi esse erro porque fui maria vai com as outras. Por isso é tão importante revisitar nossos valores.

  • Vender minha alma por dinheiro

  • Sacrificar minha saúde pelo meu negócio

  • Tratar pessoas como números

Estou disposta a:

  • Ser verdadeira comigo e com os outros

  • Ser verdadeira com a minha palavra

  • Fazer sempre o meu melhor

  • Trazer luz para um mundo doente

  • Servir o propósito divino aqui na Terra

  • Me amar para me curar

  • Transbordar meu conhecimento

  • Trabalhar sem ostentar

  • Ter disciplina

  • Criar um negócio sustentável

  • Aprender com meus erros

  • Recalcular a rota, como venho fazendo

Existem sim bons mentores

Veja, não é culpa das pessoas que vendem as mentorias “rái tiquetchi”. Elas escolheram trabalhar esse tipo de comunicação e atraem um público que tem valores similares aos seus.

Eu sou 100% responsável por ter consumido esse tipo de conteúdo e ter deixado de honrar o meu dinheiro.

O que aprendi é que, antes de comprar de alguém, ou contratar um mentor para me guiar na jornada, devo me perguntar: essa pessoa tem VALORES parecidos com os meus?

Depois que me fiz essa pergunta crucial, comecei a encontrar os mentores certos, como o Henrique Carvalho, que conheci graças à minha amiga e também mentora Fabi Ormerod. Basta você seguir ambos para ver que nenhum deles fica postando 80 stories por dia. Inclusive a Fabi me disse que a News dela vai ser sobre o mesmo assunto.

Sugiro você se inscrever na News de ambos. Vou deixar o link aqui em baixo:

News da Fabi - Bruxa Cientista. A Fabi além de ser a melhor astróloga que conheço, é uma super cientista. Ela está atualmente tirando o PHD dela na Nova Zelândia em Saúde Mental (a mulher é muito fera gente). Além dela ser incrível, a Fabi é uma amiga de verdade.

News do HC - Alquimia da Mente. O Henrique é o guia que sempre sonhei em ter. Ele tem um olhar diferenciado para o meu negócio e nunca me pede para seguir estratégias da modinha. Ele é íntegro, educado, ama jogar tênis e tocar piano e escreve como ninguém. É um bálsamo ler a Newsletter semanal dele.

Em resumo: Existem sim bons mentores.

Um pouco de filosofia…

Ganhei de presente do Henrique no Heroes o livro O Ato Criativo: Uma Forma de Ser, do Rick Rubin. Um bom mentor dá livros, tá gente? Pelo menos na minha concepção de mundo.

Tem um trecho do livro que diz:

A Fonte disponibiliza.

O filtro destila.

O vaso recebe.

Cada um de nós é como o vaso. Enchemos nossa mente de dados e informações constantemente, porque vivemos em uma sociedade super comunicativa.

O vaso guarda a soma total dos nossos pensamentos, sentimentos, sonhos e experiências no mundo.

Mas preste atenção: as informações não entram diretamente no vaso. Elas são filtradas por cada um de nós, de forma muito particular. Nossa mente não tem o poder de processar todas as informações que nos cercam. Por isso existe o filtro.

Nem tudo passa pelo filtro. O que passa, fica.

Por isso o nosso trabalho interno é aprimorar o filtro para afastar o que não nos serve. Acredito que assim chegaremos mais perto da Fonte.

Limpando o seu filtro

Eu sei que o digital é realmente capaz de ampliar nossa mensagem e fazer com que nossos produtos ou serviços cheguem para mais pessoas.

Em Terra de doentes, os servidores, cuidadores e as pessoas que trabalham com desenvolvimento humano se toram ainda mais necessárias. Portanto, as redes, como tudo na vida, tem o seu lado bom. O digital é sim uma ótima ferramenta para quem já faz um trabalho sério, com excelência.

Então, sugiro que você se faça as seguintes perguntas para limpar o seu filtro:

  • Será que preciso ser multimilionária para ser feliz?

  • Qual é meu objetivo com as redes? Quero apenas ganhar o dobro do que ganho no offline? Quero ter mais alunas? Quero aumentar meus atendimentos em 50%? Quero que pessoas cheguem para conhecer o meu trabalho presencial ou meus produtos (no meu caso, as cartas sistêmicas)?

  • Será que ganhar mais do que ganho atualmente e ter uma segunda fonte de renda já me deixaria satisfeita?

  • O que é “dar certo” para mim?

Comecei a me fazer estas mesmas perguntas há alguns meses porque eu estava me sentindo uma fracassada. Hoje é tanta gente na vibe do “Fake It Until You Make It", tanta gente mentindo sobre a vida que leva, que fica difícil não cair na armadilha de se comparar.

A comparação me fez muito mal. Pensei: nossa…o meu nicho está em alta. Era para eu estar bombando, colocando 1500 mulheres em uma sala e vendendo mentoria de R$20 mil no final. Onde foi que eu errei???

Duvidei de mim, da minha competência e do meu próprio trabalho.

A cultura da alta performance e “ter que conquistar cada vez mais” torna-se tóxica. Voltei a me achar insuficiente e esqueci das minhas maiores habilidades e virtudes, que fazem de mim uma profissional incrível: minha convicção em viver a minha verdade, minha capacidade de inspirar e motivar minhas alunas, minha generosidade, minha integridade, minha resiliência, minha coragem….

Todos esses atributos foram gentilmente colocados por vocês na minha caixinha quando pedi que me lembrassem quem sou. Se você quiser contribuir, mande uma palavra respondendo a esta Newsletter.

É isso que me torna única. é isso que resolvi resgatar. O outro caminho custou a minha alma e minha essência.

Por isso estou aqui. Comecei a minha Newsletter e estou escrevendo sobre temas que fazem sentido para mim. Já somos quase 700 assinantes e não investi um real em tráfego, as pessoas chegaram no boca a boca mesmo.

(muito obrigada ❤️!!!!)

Do lado de cá estou trabalhando bastante nas demandas da minha Editora, leio muito, estou cursando uma pós com Bessel Van der Kolk sobre trauma, separo tempo para estudar, saio com minhas amigas, dedico tempo ao meu marido, cuido das minhas filhas, rego o jardim da minha casa, treino muito, jogo tênis, durmo cedo, faço terapia e tento ser um ser humano normal.

Em tempos de “Fake It Until You Make It", que tal “Make It So You Don't Have to Fake It"?

Vou traduzir:

Em tempos de “Finja Até Conseguir” que tal simplesmente "Fazer, Para Que Você Não Precise Fingir"?

Fiquei Preocupada…

Quando abordei esse assunto no meu Instagram no final de semana recebi mais de 140 directs!

Olhem bem as palavras que sublinhei.

Ápice de exaustão gigante.

Adoeci.

Chorei.

Tô tão cansada.

Travei.

Pressão emocional.

Falsa realidade de luxúria e felicidade.

Não podemos aceitar que isso seja normal. Eu, que trabalho na área de desenvolvimento humano, me recuso a achar isso normal.

Não acho normal o mentor colocar 150 pessoas em uma turma e partir para a próxima venda, sem se preocupar com a experiência do aluno. Depois que você entra para a mentoria, ele coloca alguém da equipe para te atender porque ele tem que vender para sustentar a equipe de 22 pessoas CLT que ele contratou.

Não acho normal o modelo da exaustão, da pressão emocional, do burnout. Não romantizo isso.

Se você quer empreender com leveza, com CALMA e principalmente com ALMA, estou à disposição para batermos um papo. Quero te conhecer (sim, sou eu que vou falar com você e não um estrategista da minha equipe).

Se fizer sentido, podemos caminhar juntas. Vou deixar um formulário para você preencher caso esteja cansada dos modelos tradicionais dos gurus do marketing.

Por Dentro do meu 🧠

📚 O que estou lendo: A Alma Indomável - Como se libertar dos pensamentos, emoções e energias que bloqueiam a consciência - Michael A. Singer e terminei no final de semana Nunca É Hora de Parar - David Goggins. Um livro fascinante sobre o poder da mente, resiliência e superação

🎥 O que estou assistindo: Nyad - Aos 60 anos, a atleta Diana Nyad se prepara para realizar o sonho da sua vida: nadar de Cuba até a Flórida, uma travessia em águas abertas de mais de 160km. Me lembrou o livro Nunca É Hora de Parar e como pessoas marcadas pelo trauma às vezes submetem o corpo a extremos como uma forma de se libertar (ou talvez também de se punir).

🎵 O que estou ouvindo: The Power Is Here Now - Alexia Chellun

🤓 O que estou estudando: Estou cursando uma pós graduação em Trauma com Bessel Van der Kolk

📚 Conheça Os Saberes Sistêmicos

Nosso propósito - meu e da Bianca - com as cartas sistêmicas é trazer leveza para a vida das pessoas. As cartas possuem diferentes temas: Prosperidade, Vida Amorosa, Maternidade, Vida Leve, Justiça, Espiritualidade.

Com uma carta por dia você pratica a inteligência sistêmica no seu dia a dia e expande a sua consciência.

As cartas são destinadas a qualquer pessoa que deseja ter uma vida mais leve.

Psicólogos, terapeutas e profissionais da área têm utilizado as cartas do Saberes Sistêmicos em trabalhos em grupo e/ou atendimentos individuais.

Entregamos dentro e fora do Brasil.

Adquira no site: www.saberessistemicos.com

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👁️ Laboratório do Ser #019 - próxima segunda 18h

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✍️ Escrita por Andrea Felicio compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Mentalidade, Mulheres e Marketing.

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