Não existe CNPJ forte com CPF fraco

Laboratório do Ser - Edição #021

Recomendo ler esta edição da News ouvindo a música What Was I Made For de Billie Eilish tocada no piano por Zhanna Stelmakh

Uma sessão de terapia reveladora

O sol entrava pela janela e batia no meu rosto enquanto eu fitava o rosto dela. Ambas em silêncio. Não precisamos de palavras. Há 20 anos desnudo minha alma para ela. Ela sabe do meu melhor e do meu pior.

Lembrei do dia em que recebi a notícia de que não havia mais câncer no meu corpo e uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

Nunca fui de mostrar facilmente minhas emoções. Na minha casa isso era visto como sinal de fraqueza. Recebi portanto, desde pequena, o mandato: não sinta.

Não é à toa que mergulhei nos livros e estudos. Este era o lugar mais seguro para quem não poderia sentir, o lugar mais seguro para eu me afastar de mim. Me intelectualizei para me distanciar da minha vulnerabilidade. Quanta arrogância. Mas foi o o que eu soube fazer.

Com ela eu tinha permissão para sentir. Então senti a beleza desse dia com toda a sua força. Ela me disse com sua voz calma e acolhedora:

O que está acontecendo Andrea?

Existe uma beleza na terapia através das palavras.

As lembranças vinham fortes e em ondas, como o mar.

Dia 14 de julho de 2021

Cheguei ao consultório do meu mastologista, o Dr. Frasson, e embora eu já estivesse sentindo um fio de esperança, pois logo após a minha mastectomia radical me disseram que não tinham encontrado nenhuma célula maligna nos tecidos retirados, o material ainda precisava ir para a biópsia final.

A Dra. Fernanda entrou na sala esterilizada, que certamente estava livre de sujeira, mas estava repleta de um caleidoscópio de emoções: minha ansiedade, meus medos, minha esperança, minha luta, muita vida, os sorrisos das minhas filhas tatuados no meu peito, a mão trêmula e quente do meu marido nas minhas costas. Meus cabelos ralos estavam escondidos debaixo de uma peruquinha que apelidei carinhosamente de Ruth…já meus olhos não escondiam nada.

Resposta completa Andrea. Não encontramos nada. Nenhuma célula maligna sequer.

Chorei feito criança.

Só quem já recebeu a notícia de uma cura sabe do alívio, da presença quase palpável do milagre de Deus na sala e em todos os seus poros.

Falei para a Dra. Fernanda: Posso te dar um abraço? Hoje é um dia muito feliz, muito feliz, um dia muito feliz… um dia muito feliz.

Eu, que nunca tinha chorado de soluçar no ombro de uma estranha, encharquei o jaleco branco dela com minhas lágrimas.

Olhei para o meu marido, seus olhos marejados, e lembrei de ter pensado: Como é raro ganhar uma segunda chance na vida. Que presente, meu Deus, que presente!

Na época eu não sabia o que eu faria com isso.

Entre lágrimas, disse à minha psicóloga:

Sem a doença, meu maior desafio, minha maior provação, eu nunca teria resgatado a permissão de sentir.

E estou emocionada porque, no meu aniversário de 49 anos, meu pai, que dentro das suas possibilidades e vivências de vida havia me ensinado a não sentir, me abraçou e chorou. Entendi que posso amá-lo, não preciso da permissão de ninguém para isso e basta um instante para mudar qualquer relação. Basta abrir o coração e sentir.

Mostrei as minhas fotos com meu pai para ela e continuei:

Meu aniversário de 49 anos e a permissão para sentir

Quem vê uma foto dessas pode imaginar que tudo são flores ou que foi sempre assim.

No nosso caso, foi preciso muito trabalho interno e três cânceres (dois do meu pai e um meu) para chegarmos, tanto eu quanto ele, em lugares diferentes.

Não tenho a pretensão de saber os aprendizados dele. Eu tenho os meus.

Mas hoje estou feliz porque percebi que quebrei o mandato.

Aquele dia, naquele consultório branco, em cima de uma maca, sem os seios, com duas próteses doloridas de silicone no lugar, mas cheia de coração e emoção, me embriaguei de cada gota salgada das minhas lágrimas e resgatei minha capacidade de sentir.

O entorpecimento deu lugar ao prazer de estar viva. A partir daquele dia, passei a fazer uma escolha diária de ser feliz e sentir satisfação pela pessoa que sou, pela pessoa que estou sempre me tornando.

Um prazer que resgatei jogando tênis e colocando toda a minha raiva acumulada para fora. Um prazer que resgatei dizendo SIM a absolutamente tudo como é e tudo como foi. Um prazer que resgatei quando me abri para a minha humanidade, a dele, da minha mãe, das minhas filhas, do meu marido.

No dia do meu aniversário de 49 anos, me permiti receber do meu pai, a força de tudo que ele tem e pôde me oferecer. Foi mais do que o suficiente.

Ela sorriu. Ela me conhece há 20 anos. Meu melhor e meu pior.

Você fez um bom trabalho Andrea. Você sempre fez muito trabalho interno, mais ainda depois da sua doença. A vida devolve. Você merece. Estou orgulhosa de você. Agora você pode levar as pessoas mais longe.

Olhei para ela com a certeza que Deus envia anjos em cada encarnação. Obrigada Maria Aparecida Martins, serei sempre grata nesta e em outras vidas.

Sucesso é…

Comecei essa Newsletter com este relato pessoal e íntimo, porque considero a a escrita terapêutica, mas também para dizer que não existe CNPJ forte com CPF fraco.

Não adianta você ganhar todo o dinheiro do mundo, ele não significará nada se você não olhou para dentro.

Ele não significará nada se você não cuidar do seu legado.

Se você morresse hoje, as pessoas diriam algo sobre você no seu enterro. Quais seriam os últimos pensamentos das pessoas no seu velório? O que diriam sobre você?

Você verdadeiramente amou ou foi amado? Quais foram as pessoas que mais te amaram? Algum amor te fez ou ainda faz falta?

É isso que importa.

Minha amiga de infância, Camila Andrade, me mandou alguns trechos da palestra da Oprah Winfrey no Legends in Town da XP Investimentos onde ela disse:

O que é o nosso legado?

Legado não é o dinheiro que você tem nem aquilo que você comprou. Legado são as vidas que você impactou.

Portanto, crie a melhor e mais grandiosa visão possível para a sua vida. Você se torna aquilo em que acredita.

Você busca a mesma coisa que eu busco. Somos muito humanas.

Acredito que todos nós emanamos da fonte de todas as coisas - Deus - e estamos aqui para servir e realizar aquilo para o qual viemos: a nossa expressão mais verdadeira enquanto seres humanos.

Sucesso é, portanto, estar satisfeita com o que você tem para oferecer para você mesma, para a sua família e para o mundo. É a capacidade de criar uma vida plena de prazer, gratidão, contentamento e satisfação.

No frigir dos ovos, eu resgatei o meu sucesso.

Qual mensagem você quer deixar no mundo?

Considerando que o epitáfio marca a sua passagem na Terra, e que as pessoas mais próximas a você o escreveriam em sua homenagem, qual frase seria essa? O que escreveriam se você morresse hoje?

E qual seria a frase caso morresse aos 100 anos?

Qual será a frase que descreverá a sua existência na Terra?

Eu quero muito saber, pode me mandar uma resposta para me contar?

Tenho uma novidade!

Agora que estou cursando uma pós graduação em trauma com Bessel Van der Kolk, que escreveu o livro O Corpo Guarda as Marcas, vou voltar a trabalhar com o Grupo de Teatro Espontâneo Íris de Azevedo, para conduzir Workshops de Cura da Criança Interna

Eu acredito que é impossível ter um CNPJ forte sem olhar para dentro e curar os seus traumas de infância. O seu medo do julgamento, da rejeição, do fracasso, de não ser o suficiente, geralmente tem origem no mesmo lugar: sua criança interna sente que não foi vista, reconhecida, acolhida.

Daí você passa o resto da vida sem conseguir gravar um vídeo, escrevendo os seus textos para ninguém ler, sem conseguir colocar a voz no mundo.

Li uma frase do Tolstói recentemente no Instagram da Gabi Pazos:

“Fale da sua aldeia e estará falando do mundo inteiro."

Enquanto você não entender que a maior riqueza que você dispõe para criar o seu conteúdo e deixar o seu legado é a sua própria vida, as suas experiências, suas vitórias, seus arrependimentos, seus erros, seus aprendizados, tudo que envolve a sua própria existência, jamais entenderá a raiz de um texto que cria conexão com quem lê.

Enquanto você reprime seu desejo de se expressar porque acha que o que você tem a dizer não é interessante, você continua guardando seus textos na gaveta, enquanto outras pessoas colocam a voz no mundo. E você segue desejando, silenciosamente, que tivesse algo interessante para compartilhar.

Quanto vale desbloquear o seu sucesso e entender que você merece?

O teatro é composto por um grupo de psicólogos psicodramatistas e tanto eu quanto eles temos muita bagagem no assunto.

Já tivemos resultados impressionantes com esse trabalho. Mais de 500 alunas minhas já passaram pelo Workshop e vivenciaram a cura de traumas maiores ou menores, que estavam guardados a sete chaves. Eu AMO conduzir o Workshop e estava com saudades

A próxima data do Workshop será sábado 04/05, de 9-16:30 e será online.

A pré-venda, com desconto especial, está oficialmente aberta.

Clique aqui para resgatar o seu ingresso. Se você já é ou foi minha aluna, informe isso no WhatsApp pois preparamos algo exclusivo para você.

Deixo você com a letra da música da Billie Eilish que diz: Eu não sei o que sentir, mas quero tentar. Eu não sei como sentir, mas talvez um dia eu saiba. Talvez um dia eu saiba.

I used to float, now I just fall down

I used to know but I'm not sure now

What I was made for

What was I made for?

Takin' a drive, I was an ideal

Looked so alive, turns out I'm not real

Just something you paid for

What was I made for? '

Cause I, I

I don't know how to feel

But I wanna try

I don't know how to feel

But someday, I might

Someday, I might

When did it end?

All the enjoyment

I'm sad again, don't tell my boyfriend

It's not what he's made for

What was I made for?

'Cause I, 'cause I

I don't know how to feel

But I wanna try

I don't know how to feel

But someday I might

Someday I might

Think I forgot how to be happy

Something I'm not, but something I can be

Something I wait for

Something I'm made for

Something I'm made for

Eu costumava flutuar, agora só caio

Eu costumava saber, mas agora não tenho certeza

Para que eu fui feita

Para que eu fui feita?

Dirigindo por aí, eu era um ideal

Parecia tão viva, acontece que não sou real

Apenas algo que você comprou

Para que eu fui feita?

Porque eu, eu

Eu não sei o que sentir

Mas quero tentar

Eu não sei como me sentir

Mas um dia talvez eu saiba

Um dia talvez eu saiba

Quando acabou? Toda a satisfação

Estou triste de novo, não conte ao meu namorado

Ele não foi feito para isso

Para que eu fui feita?

Porque eu, porque eu

Eu não sei o que sentir

Mas quero tentar

Eu não sei como me sentir

Mas um dia talvez eu saiba

Um dia talvez eu saiba

Acho que esqueci como ser feliz

É algo que não sou, mas posso ser

Algo que espero

Algo para que fui feita

Algo para que fui feita

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👁️ Laboratório do Ser #022 - próxima segunda 18h

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✍️ Escrita por Andrea Felicio compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Mentalidade, Mulheres e Marketing.

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