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Não Sobra Tempo Na Sua Agenda? Você precisa ler isso...
Laboratório do Ser - Edição #019
Patrícia deslizou pela porta de vidro do prédio corporativo, o suspiro pesado ecoando em sua mente tumultuada. Era sexta-feira à noite, mas para ela, o término da semana não apresentava alívio. Pelo contrário, era apenas o começo de mais uma batalha contra o tempo implacável.
Aos 42 anos, Patrícia carregava o fardo de uma carreira na área de processos em um grande escritório de advocacia. Seu chefe, um tirano disfarçado de líder, exigia produtividade incessante. Reuniões noturnas, prazos apertados e uma cultura corporativa tóxica dominavam a sua vida, deixando-a constantemente à beira do esgotamento.
Sua agenda, uma prisão de compromissos, refletia sua visão otimista do tempo. Ela acreditava ser capaz de abraçar o mundo em 24 horas, mas acabava sufocada pela carga excessiva de tarefas. Sempre correndo, sempre atrasada, ela mal tinha tempo para respirar, quanto mais para cuidar de si mesma.
Seu sonho, enterrado sob pilhas de processos e e-mails não lidos, era simples: organizar sua própria agenda. Queria reservar um tempo para si, para reencontrar a jovem Patrícia que jogava tênis nas tardes ensolaradas. Mas o tempo, sempre escasso, parecia se esquivar de suas mãos ávidas por liberdade.
O ambiente de trabalho, um campo de batalha, refletia sua luta diária. Hostil e masculino, estava repleto de cobranças e demandas, cada uma mais urgente que a outra. Mesmo em momentos de necessidade pessoal, como quando seu filho estava doente com febre, seu chefe insistia que ela permanecesse, aprisionada na sala de reuniões.
Para lidar com as demandas da vida profissional e pessoal, Patrícia contava com uma rede de apoio: sua mãe pegava seus filhos na escola e cuidava deles na parte da tarde. Mas mesmo essa ajuda não era suficiente para aliviar a carga que ela carregava em seus ombros exaustos.
Enquanto ela se afastava do prédio, o brilho das luzes da cidade refletindo em seus olhos cansados, Patrícia se perguntava se um dia encontraria a paz que tanto almejava. Talvez um dia, em algum momento roubado entre uma reunião e outra, ela pudesse reencontrar a si mesma e descobrir que o tempo, afinal, era seu aliado, não seu inimigo.
A Nossa Relação Disfuncional com o Tempo
Essa é uma história fictícia. Mas qual mulher não tem um pouco da Patrícia dentro de si?
A relação humana com o tempo, principalmente no ocidente, é bem disfuncional. Nos baseamos em uma corrida de fazer mais tarefas em menos tempo. Uma luta constante contra o relógio e o calendário.
Aqui no ocidente seguimos o calendário gregoriano, que leva em considereação o movimento da Terra em torno do sol. Nossa contagem do tempo não leva em consideração a ciclicidade da natureza nem as fases da lua. O calendário que seguimos estabelece que os anos sempre começam dia primeiro de janeiro e finalizam dia 31 de dezembro. Todos os dias tem 24 horas e todas as semanas tem 7 dias.
Esse padrão linear de tempo, onde esparam que você seja produtiva de maneira previsível e igual por 365 dias do ano, termina por nos aprisionar. Empilhamos comprimissos milimetricamente agendados a partir de uma agenda cronometrada, que temos dificuldade em cumprir.
Isso acontece porque o cérebro humano tem uma dificuldade muito grande de realmente calcular o tempo que as coisas levam.
Não sei você, mas eu costumava planejar minha agenda com um otimismo, muitas vezes, fora da realidade. Acabava colocando mais coisas nela do que eu dava conta de fazer e depois, aquela agenda cheia de tarefas intermináveis era um gatilho que me causava angústia e ansiedade. Era como se eu já acordasse todos os dias em débito com a minha própria agenda.
Quando me tornei mãe e decidi empreender piorou. Tinha que encaixar a dentista, a pediatra, o corte de cabelo, a dermato de três pessoas na minha agenda (tenho duas meninas: Lara, que fará 12 anos em breve, e Helena, que tem nove anos). Me senti refém da minha agenda louca.
Me conta se isso também acontece com você? Quero muito saber.
Eu vivia apagando incêndios porque entre todas as minhas tarefas diárias tinha que encaixar as demandas das minhas duas empresas - a Editora Saberes Sistêmicos e minha empresa de educação e mentorias online. Era uma rotina de exaustão e pressa, confesso.
A obrigação de ser produtiva o tempo todo é resultado de 2 movimentos muito significativos de produtividade na indústria conduzidos por homens: o taylorismo e o fordismo.
Eu sempre digo que primeiro temos que olhar para trás para depois podermos olhar para frente e para o futuro. Vamos dar esse mergulho no passado para poder construir um modelo diferente?
Taylorismo (1911):
Mulheres em uma fábrica de costura executando pequenas e repetitivas tarefas
O Taylorismo foi um sistema de gestão desenvolvido pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor no início do século XX. Esse método revolucionário visava aumentar a eficiência da produtividade nas fábricas, fazendo mais com menos.
Taylor propôs uma abordagem sistemática para otimizar as tarefas realizadas pelos trabalhadores, fragmentando o trabalho em pequenas e repetitivas etapas. Ele acreditava que ao padronizar e simplificar as atividades, seria possível alcançar um maior rendimento com menos esforço.
O Taylorismo introduziu a ideia de cronometrar cada movimento dos trabalhadores para determinar o método mais eficiente de realização das tarefas, resultando em uma divisão rígida entre planejamento e execução das atividades.
E o olhar para o bem-estar e a saúde mental dos funcionários?
Passou longe…
Tempos Modernos
Charlie Chaplin em Tempos Modernos - Uma Crítica ao Trabalho Desumano
Quando eu era criança eu gostava de ver os filmes do Charlie Chaplin. Se você tem mais de 40 anos deve se lembrar dessa cena do filme Tempos Modernos. Chaplin, como o personagem “Carlitos”, é mostrado realizando tarefas repetitivas e monótonas em uma linha de montagem, ilustrando vividamente os princípios do Taylorismo. A cena icônica em que Carlitos é literalmente engolido pela máquina reflete a desumanização do trabalho e a ênfase excessiva na eficiência em detrimento da qualidade de vida dos funcionários.
Pulamos então para o Fordismo…
Fordismo (1914)
A Ford Motor Company e sua linha de produção
Em seguida houve o surgimento de mais um movimento significativo na indústria, conduzido por Henry Ford.
O Fordismo foi um sistema de produção em massa, que foi implementado pela primeira vez nas fábricas da Ford Motor Company, onde Ford aplicou técnicas inovadoras para aumentar a eficiência e reduzir os custos de fabricação de automóveis. O Fordismo caracterizou-se pelo uso de linhas de montagem automatizadas e pela padronização dos processos produtivos, o que permitiu a produção em larga escala de veículos a preços acessíveis para o consumidor.
Embora tenha contribuído para o crescimento econômico e a expansão da indústria automobilística, sua ênfase na produção em massa muitas vezes resultava em condições de trabalho desumanas para os operários
A Mulher e o Tempo: Uma Conversa Necessária
Mais tarde essa cultura foi amplamente adotada no mundo coporativo. Funcionou? Sim. Mas a que custo?
Na segunda metade do século XXI, o que vemos é o adoecimento mental das pessoas aumentando exponencialmente. O mundo mudou e o modelo está falindo, com milhares de pessoas infelizes e doentes.
Quando trazemos a temática TEMPO para a realidade das mulheres, essa sensação de estar sempre "devendo” tempo se intensifica muito, já que muitas de nós assumimos o arquétipo da mulher maravilha, ou como gosto de chamar, a mulher polvo.
O inconsciente coletivo parece nos estimular a adotar esse arquétipo da guerreira ou salvadora da pátria. Filmes e comerciais e o próprio mercado de trabalho incentivam esse arquétipo da mulher que dá conta de tudo em pouco tempo. Passamos a nos orgulhar de estarmos ocupadas e, ao mesmo tempo, estarmos magras, cozinharmos bem e termos filhos bem educados. Não podemos deixar a peteca cair.
Quantas vezes você já lavou uma louça na pia, enquanto ouvia uma aula e pensava em como iria implementar algo novo no seu negócio? O negócio, que muitas vezes você não consgue colocar em prática, porque comprou a narrativa de que você deve tomar para si as responsabilidades da administração do lar e da criação dos filhos.
Será que não está na hora de nós, mulheres - as mais impactadas pela cultura do esgotamento mental e físico - constribuirmos para mudar o contexto?
Não é sobre trabalhar menos, é sobre se respietar MAIS e ser mais respeitada em todos os ambientes. Depois de 2 homens que promoveram movimentos de aceleração, quero contribuir com um movimento que apenas devolve você para você.
Tzolkin - A Sabedoria Maia do Tempo
Na minha pesquisa para escrever essa Newsletter sobre a nossa relação distorcida com o tempo e uma produtividade que adoece, acabei me deparando com o Tzolkin, um antigo calendário maia que oferece uma perspectiva inovadora e holística sobre o tempo.
Ao contrário dos calendários convencionais baseados em ciclos solares ou lunares, o Tzolkin é composto por 260 dias, divididos em 13 períodos de 20 dias cada. Cada dia é associado a uma combinação única de um número e um dos 20 símbolos sagrados, criando um sistema interconectado de energia e significado. Nunca tinha ouvido falar no Tzolkin, mas achei fascinante.
Ela é considerada uma ferramenta espiritual e divinatória pelos maias, sendo utilizada para compreender os padrões cósmicos, orientar a tomada de decisões e celebrar rituais sagrados.
Sua abordagem não linear e cíclica do tempo oferece uma visão mais rica e interligada do universo e da existência humana.
Como eu sempre falo, é olhando para trás que podemos criar um futuro diferente. Talvez possamos resgatar um pouco da sabedoria dos Maias para ressignificar nossa relação com o tempo.
Como Ressignificar o Tempo?
Enquanto eu escrevia essa Edição fiquei pensando: Como ressignificar o tempo? Listei algumas coisas que venho fazendo e me pareceram úteis.
Acorde cedo honrando o raiar do dia
Traga para o seu dia momentos intencionais de pausa
Reduza o ritmo no final do dia fazendo seu corpo entender que a noite é tempo de descanso
Crie um planejamento baseado nas fases da lua e como ela nos influencia
Entenda que existem fases de expansão e fases de retração e lide amorosamente com ambas. A natureza da vida é cíclica.
Otimize processos, principalmente da sua empresa, para você ganhar tempo com quem realmente importa: sua família
Me ajude completando a lista? Basta responder a este email.
Como Eu Tenho Ganhado Tempo com o GPT
Quando eu tive câncer de mama, eu não sabia quanto tempo ainda restaria junto à minha família (graças a Deus estou ótima, saudável e viva!!!).
A doença me ensinou que o tempo é o nosso bem mais precioso e venho me empenhando, a cada dia, para honrar cada minuto por aqui, focando naquilo que realmente importa: Deus, família e minha evolução como ser humano.
O encontro com a finitude me levou tabmém à busca pela otimização do meu tempo. Nos últimos meses venho estudando bastante sobre Inteligência Artifical, para poder ganhar tempo na minha produção de conteúdo. Comecei de forma tímida, mas me aprofundei no assunto com o Alan Nicolas na Comunidade Lendária e aprendi a realmente treinar meu ChatGPT para que ele seja o estagiário ideal da minha empresa. Não comprei curso com prompts pré-definidos. Não que eles não sejam úteis, mas como sou meio cdf resolvi me aprofundar na lógica por trás do GPT.
O GPT foi criado para agir de acordo com o comportamento humano. Você sabia que se você pedir para o ChatGPT respirar antes de entregar uma resposta, ele entrega uma resposta melhor? Se você disser que ele será demitido se não melhorar as respostas, ele também traz informações mais precisas. Ou seja, é preciso saber usar a inteligência artificial para que seus textos não fiquem robotizados.
Sabe o texto sobre a Patrícia? Foi ele que criou, com minha orientação e treinamento. Aliás, a imagem também foi criada usando I.A.
No método Empreender com C.A.L.M.A te ensino a criar crônicas e narrativas envolventes usando a inteligência artificial, o seu segundo cérebro. Se quiser saber mais a respeito, clique no link abaixo e marcamos uma conversa.
Quero Empreender com CALMA (e com ALMA)
Por Dentro do meu 🧠
🎥 O que estou assistindo: Pobres Criaturas, me causou um desconforto enorme e quase desisti de assitir porque achei pesadíssimo. Mas no final foi uma baita reflexão sobre o ser humano, sobre a luz e a sombra.
🎵 O que estou ouvindo: 20 minutos de gratidão com Afirmações Positivas. Tenho ouvido diariamente para me lembrar de ser grata por quem eu sou e pela pessoa que estou me tornando.
🤓 O que estou estudando: Automações para minha Newsletter do Beehiiv com Henrique Carvalho
👁️ Laboratório do Ser #020 - próxima segunda 18h
Se você quiser sugerir algum tema para a próxima News do Laboratório do Ser, basta responder a este e-mail ou me enviar uma mensagem no meu Instagram @deafelicio. Sua opinião é muito importante para melhorar a Newsletter. Aguardo seu feedback.
✍️ Escrita por Andrea Felicio compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Mentalidade, Mulheres e Marketing.
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Graças ao Beehiiv, esta edição do Laboratório do Ser conta com um patrocinador de quem sou muito fã.
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