O Sucesso É Um Tropeço

Laboratório do Ser - Edição #013

“O fracasso é uma grande parte do sucesso. Se você nunca falhou, nunca viveu.”

Elizabeth Gilbert

Foto da minha equipe cheia de estratégia…e zero resultado

O Dia Em Que Falhamos Montando Torre de Macarrão

Outubro de 2023. Imagine a cena: eu estava imersa em mais um evento de marketing digital, chamado A Trilha, organizado pelos meus mentores Marcus Dutra e Mycaela Borges.

Interromperam as palestras motivacionais e fomos surpreendidos com uma atividade em equipe: construir uma torre usando 20 pedacinhos spaghetti, um barbante, fita durex e apenas um marshmellow. A missão? Erguer a torre mais alta. A competição só tinha uma única regra: o marshmallow tinha que terminar no topo da torre. Simples, não é?

Divididos em grupos de seis pessoas, começamos a articular estratégias e examinar o material escolhido. Pensamos em várias opções e optamos por seguir uma abordagem específica para dar conta do desafio.

No entanto, o marshmallow era surpreendentemente pesado, e o spaghetti parecia ter vida própria, resistindo a ser amarrado. A estrutura colapsava, e a comunicação entre nós se transformava em um caos, com cada um gritando algo, mas ninguém mais se ouvindo.

Não sabíamos na época, mas essa competição tem uma origem intrigante. Ela foi criada pelo designer e inovador Peter Skillman. Ele criou esse exercício de design para explorar a dinâmica do trabalho em equipe, a colaboração e a inovação.

Peter pediu para grupos de altos executivos, grupos de administradores de empresas, grupos de advogados, grupos de estudantes universitários e um grupo de alunos do jardim da infância executarem a mesma tarefa que estávamos tentando executar.

Curiosamente, os alunos do jardim de infância, quando enfrentaram a mesma tarefa, não seguiram estratégias elaboradas. Eles não fizeram análises complexas, não compartilharam suas ideias, nem fizeram perguntas. Na verdade, falaram muito pouco, sentaram-se muito próximos e suas ações pareciam desorganizadas. Quando falavam, só se ouvia: “Aqui! Não. Aqui!”

A técnica deles? Tentar um monte de coisa ao mesmo tempo. 

Se você tivesse que apostar qual time ganharia, provavelmente escolheria o meu, afinal tínhamos inteligência, habilidades e experiência a nosso favor.

É assim que presumimos que os grupos funcionam: presumimos que seres humanos habilidosos se juntam para produzir resultados extraordinários.

Só que adivinha??? Nós fracassamos e os alunos do jardim da infância nos deixaram no chinelo.

Em dezenas de testes, as crianças do jardim da infância criaram estruturas de 66 centímetros de altura enquanto nós, adultos com diplomas de escolas renomadas, engenheiros, administradores de empresas, estrategistas, montamos uma estrutura de menos de 25 centímetros. 🫠

Peter conduziu o mesmo experimento com diversos grupos - CEOs de empresas, advogados e o resultado era sempre o mesmo. Os CEOs conseguiram montar estruturas de 55 centímetros, os advogados subiram torres de no máximo 38 centímetros (ainda melhor que nós do marketing digital).

O resultado parece inacreditável!

A verdade é que as habilidades individuais não são o que importa. O que realmente fez a diferença foi a interação entre as crianças.

Os adultos, preocupados com as regras e normas sociais, tentam navegar suas incertezas sobre os outros membros do grupo, ao invés de focar na tarefa.

Onde eu me encaixo? Quem está no comando? Posso criticar a ideia de alguém?

Já as crianças do jardim de infância, apesar de parecerem desorganizadas, não competem por status. Elas ficam próximas, ombro a ombro. Trabalham enérgica e colaborativamente, são ágeis na correção de erros, experimentam, se arriscam e aprendem com suas falhas.

Elas trabalham juntos de maneira mais inteligente.

A partir dessa experiência com o spaghetti e o marshmallow, comecei a questionar o que realmente faz um grupo ter sucesso e outro fracassar. Como os erros podem ser o caminho para o sucesso, e como o verdadeiro triunfo está na habilidade de aprender com eles.

Será que o sucesso é apenas um tropeço?

Vamos explorar juntos essas ideias ao longo dessa Newsletter. Fique ligada!

O Sucesso É Um Tropeço

Leitora voraz desde pequena

Quando eu era criança, era extremamente tímida e fugia dos holofotes. Sempre fui uma estudante dedicada (vulgo CDF) e preferia a segurança dos livros e dos bastidores aos holofotes.

No entanto, senti um chamado para compartilhar o meu conhecimento no Instagram. Isso significava gravar vídeos, me expor, e superar as vozes na minha cabeça que insistiam em dizer: “O que vão achar? Quem vai querer ouvir uma terapeuta que foi executiva por vinte anos? E se rirem de mim?”

Como sou muito estudiosa, decidi que faria as coisas da maneira certa e busquei mentores para encurtar o meu caminho. Como contei, entrei para A Trilha, para ~ aprender a montar torre de macarrão ~.

Brincadeiras à parte, entrei para aprender sobre marketing e como escalar meus resultados. Deu certo. Em menos de um ano, obtive excelente resultados e fui convidada a subir ao palco para compartilhar minha história com 150 pessoas.

A pequena Déa que mora em mim logo pensou: “Quem é você nesse rolê????
Tem gente nessa sala que fatura R$100 mil em menos de uma hora e você vai falar dos seus resultados? Só pode estar de brincadeira.”

A síndrome da impostora bateu forte.

Passei a noite anterior à minha palestra muito agitada. Acordei com o coração acelerado às três da manhã, aquele frio na barriga.

Corri pro banheiro.

Me imaginei no palco falando milhares de coisas diferentes, mas nenhuma parecia boa o suficiente.

Munida de toda a coragem que cabe no meu metro e meio, subi no palco e…PLOFT! Tropecei.

Social Media Falling GIF by ABC Network

O video real você encontra no meu Instagram

Essa foi a minha entrada triunfal.

No entanto, quando eu estava prestes a espatifar no chão, o Marcus Dutra me segurou e eu entendi: não é sobre o tropeço. Ele não me define.

É sobre ter alguém com quem eu possa contar quando eu cair. É sobre cair e levantar. É sobre não desistir. É sobre errar e permanecer em movimento.

O sucesso é conquistado com tropeços. Ele é uma série de erros que são bem gerenciados.

Em 2023, lancei minha primeira Certificação Profissional para Mulheres, reestruturei minha empresa, cortei custos, abri minha segunda turma de mentoria de negócios para terapeutas e, apesar dos tropeços, ultrapassei todas as metas que coloquei para mim. 

Só alcancei esse resultado porque dei um passo, apesar de não me sentir 100% pronta. Aprendi que era necessário errar, o quanto antes. Entendi que esse primeiro passo nem era o mais importante de todos. É a sucessão de passos que você vai dar, depois deste primeiro passo, que vão determinar onde você vai chegar.

O primeiro passo

  • O primeiro passo não vai mudar a sua vida;

  • O seu primeiro atendimento não vai ser o seu melhor;

  • O seu primeiro lançamento não vai faturar milhões;

  • O seu primeiro livro não vai ser um best-seller;

  • O primeiro passo é só um passo.

Com os seus erros, você vai aprender e poderá recalcular a rota. Tomará fôlego para começar de um novo lugar - um lugar mais sábio.

A cada passo que você der, Deus colocará o chão. Você só precisa estar disposta a errar.

Abraçando o Fracasso: A Jornada de Sucesso da Pixar

No livro, “The Culture Code”, Daniel Coyle explora como a cultura da Pixar e da Disney, que abraça os fracassos, as tornou as gigantes que são hoje.

Desde 1995, a Pixar lançou 17 longas-metragens, conquistou 13 prêmios da Academia e emplacou sucessos de bilheteria como Frozen, Zootopia, Big Hero 6 e Toy Story, dominando a arte de transformar erros em degraus para o sucesso.

A Pixar, conhecida por sua maestria na narrativa, teve um início modesto. É um fato menos conhecido que todos os filmes da Pixar começam como, nas palavras de Ed Catmull, “realmente ruins".

Catmull, Presidente e co-fundador da Pixar diz em sua entrevista para Coyle:

“Todos os nossos filmes são ruins no começo. Alguns são um verdadeiro desastre, como Frozen e Big Hero 6. As histórias eram chatas, sem brilho. No filme UP a única coisa que se manteve foram as palavras “UP”, indicando o quão problemática estava a versão original do filme.”

Alguns dos sucessos da Pixar

Pegue o Toy Story, por exemplo. Apesar da versão final ter sido um sucesso de bilheteria, faturando 360 milhões de dólares, em sua versão original Woody, o adorável cowboy, foi retratado como antipático e autoritário. “Um babaca sarcástico", segundo Catmull.

“Fizemos um erro, e agora sabemos, então estamos melhores por causa disso” é um mantra na Pixar. O foco não está em evitar erros, mas em aprender com eles. O estúdio incentiva uma cultura de “errar cedo, errar frequentemente", reconhecendo que é por meio desses erros que ideias inovadoras surgem.

O valor está não apenas nas ideias mas, mais importante, nos indivíduos que contribuem para o processo criativo.

Dê uma boa ideia a uma equipe medíocre e eles encontrarão uma maneira de arruiná-la. Dê uma ideia medíocre a uma boa equipe e eles encontrarão uma maneira de torná-la melhor.

Ed Catmull - Presidente e Co-fundador da Pixar

O conceito de “dailies” na Pixar exemplifica esse compromisso com a aprendizagem. Exibições regulares do trabalho em andamento permitem que a equipe identifique erros e os ajuste rapidamente. O foco não está em lamentar os erros, mas em usá-los como trampolim para a melhoria.

Culturas bem-sucedidas, como evidenciado pela Pixar, aproveitam as crises para cristalizar o seu propósito. Tentar, falhar, refletir e aprender tornou-se o ciclo que impulsionou o estúdio a novas alturas.

Ao navegar em sua própria jornada, sugiro que você se inspire na Pixar. Abraçar o fracasso, longe de ser um obstáculo, é a própria essência do crescimento e da inovação. Sim, o sucesso é um tropeço.

Da Escuridão à Magia

Vou te contar a história de uma mulher extraordinária, uma narrativa de resiliência que começou nos momentos mais sombrios da vida.

Imagine uma mulher recém divorciada, enfrentando dificuldades financeiras e com uma filha pequena para criar. A situação era tão desesperadora que, em um momento de profunda dor, ela chegou a contemplar a ideia de pôr fim à própria vida, sem enxergar saída para seus problemas.

Essa mulher, no entanto, não apenas encontrou forças para seguir em frente, mas também descobriu dentro de si uma paixão que mudaria a sua vida e o curso da literatura mundial.

Em meio ao caos da sua vida pessoal, ela teve que aprender estratégias de organização, produtividade e criatividade para aprimorar a sua escrita. Percebeu que ela produziria melhor fora de casa e passou a frequentar os cafés locais. Não era um refúgio perfeito, mas suas palavras fluíam enquanto o choro da sua filha, ainda pequena, preenchia o ambiente. Foram muitos os olhares tortos…

Ela começou a tecer histórias de um mundo mágico que estava nascendo em sua mente. Mesmo sem apoio e sem ninguém que acreditasse nela, ela seguiu escrevendo.

No começo, os conteúdos dela não estavam legais. As críticas foram ácidas, as portas se fechavam e as editoras rejeitavam sua obra. Diziam que ninguém iria consumir seus escritos, e que não estavam à altura. Num ato de pura determinação (ou de desespero), ela decidiu persistir.

Ela foi rejeitada por 12 Editoras. Ouviu 12 “nãos”. A cada rejeição ela revisava seus textos e aprimorava sua história. Diante de rejeições, críticas e descrença ela continuou a escrever. Cada palavra, cada frase, era uma expressão se sua resiliência e fé na importância da sua história.

Essa é a incrível história de J.K. Rowling que, contra todas as probabilidades, se tornou uma das escritoras mais bem-sucedidas e amadas da atualidade. Seus livros sobre o bruxo Harry Potter e seus amigos não apenas quebraram recordes de vendas, mas também transcenderam as páginas para se tornarem uma franquia que abrange filmes, parques temáticos e uma legião dedicada de fãs.

J.K. Rowling me ensinou que, muitas vezes, a maior mágica está na capacidade de persistir mesmo quando tudo parece impossível. Tentar, falhar, refletir e aprender, para então recomeçar.

Agora quero saber: Você está parada porque não se permite errar? Me conta respondendo a essa news que te mando uma resposta para te motivar.

Dentro do meu 🧠

📕 (1) O que estou lendo:
Hábitos Atômicos - o melhor livro que já li sobre hábitos. Estou fazendo a curadoria dos meus para reduzir ainda mais meu tempo nas redes sociais.

🎥 (2) O que estou assistindo:
Berlim - Netflix

 🎧 (3) O que estou ouvindo:

The Culture Code - Equipes Brilhantes - o livro me impactou tanto que foi tema desta Newsletter. Deixei o link do livro em português, mas você pode encontrar no app Audible a versão audiobook para escutar.

Penso em escrever a próxima newsletter sobre outra habilidade identificada em grupos de alta performance: como criar uma cultura de pertencimento e segurança.

Te interessaria? Responda este email com SIM ou NÃO para eu saber.

👁️ Laboratório do Ser #014 - próximo domingo 18h

Se você quiser sugerir algum tema para a próxima News do Laboratório do Ser, basta responder a este e-mail ou me enviar uma mensagem no meu Instagram @deafelicio. Sua opinião é muito importante para melhorar a Newsletter. Aguardo seu feedback.

📩 Sobre a Newsletter Laboratório do Ser

✍️ Escrita por Andrea Felicio compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Mentalidade, Mulheres e Marketing.

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