Precisamos Voltar a Conversar

Eu x O outro

Durante muito tempo, a humanidade progrediu através de conflitos, com divisões entre Eu x Você, Nós x Eles, onde um lado está sempre certo e o outro errado. A visão sistêmica me ensinou que qualquer futuro evolutivo so será possível através da reconciliação.

Meu marido costuma brincar dizendo que sou muito “Polyanna” e sonhadora, sugerindo que não vamos todos nos abraçar e cantar “Kumbaya” juntos. Talvez ele tenha razão. Mas, acabo de voltar de um evento incrível este final de semana, e estou mais esperançosa do que o normal.

A Editora Saberes Sistêmicos patrocinou o evento “Você Pode Curar a Sua Vida” da Renata Fornari, que reuniu uma plateia de 600 pessoas. Enquanto subia ao palco, pude sentir o amor em sua forma mais pura envolvendo todo o auditório. O amor parecia emanar de cada um de nós. As lágrimas escorriam, pois foram feitas mesmo para escorrer.

Hoje acordei com um desejo enorme de escrever sobre um tema urgente no nosso Laboratório do Ser: como escapar da polarização e cultivar a coragem para voltarmos a conversar.

Uma guerra silenciosa

Uma guerra de verdade não se resume apenas a grandes explosões; é também marcada por pequenos estopins. É sobre mortes reais, sem cores vibrantes, que ocorrem em frações de segundo. É sobre a desumanização do outro enquanto ser humano.

Quando vivemos nesse estado interno de polarização, experimentamos uma certa aridez. Sabe aquele ponto em que as pessoas já se vêem tão diferentes umas das outras que parece não existir mais nada além disso?

A total indiferença pelo seu adversário pode até mesmo alimentar um certo sadismo. Sempre que há morte para todo lado, alguns sentem-se autorizados a agir com perversidade.

Mas além disso, as pessoas perderam de vista o que significa fazer parte de algo maior, do que as une.

Recentemente recebi de um amigo querido um video do Pedro Dória, do canal O Meio, onde ele aborda a polarização e nossa dificuldade em construir pontes e promover diálogos na esfera da política.

Em um ambiente político polarizado, um lado para de se comunicar com o outro lado. Consideram o outro lado tão intolerável que os lados param de falar entre si. Concorda?

Pedro diz no video: “Vamos fazer um teste?”

“Se você é uma pessoa de esquerda, cite um líder político de direita importante que você respeite. Respeitar não é votar. Respeitar é: se essa pessoa for eleita presidente da república, não seria o fim do mundo. Por outro lado, se você é uma pessoa de direita, cite um líder político de esquerda importante que você respeite.”

Suspeito que a maioria de vocês não tenha conseguido pensar em ninguém. Também tive dificuldade, confesso. Bem-vindos à polarização. É esse o mundo em que vivemos porque todos estamos trilhando o caminho da separação.

Com quem é possível conversar do outro lado? Pois, com alguém precisa ser….Quando partimos do princípio de que conversas são impossíveis, aos poucos vamos deixando de enxergar as pessoas do outro lado como pessoas dignas de respeito. Vamos desumanizando nossos adversários até transformá-los em inimigos.

Essa é a verdadeira guerra silenciosa.

Trazendo para o mundo virtual, a polarização se manifesta nos comentários lacradores de alguns “haters” que covardemente se escondem atrás de suas contas no Twitter, Instagram ou outras plataformas, para distilar seu ódio contra o outro.

Se você se tornar alvo de um hater, sugiro simplesmente responder: “Posso te oferecer um abraço?”

O comentário venenoso diz muito mais sobre a outra pessoa do que sobre você. Siga firme no seu propósito.

O Caminho do Ego x O Caminho da Alma

Ego x Alma

Chega uma hora em que a vida vai convidar você a tomar uma decisão: seguir o caminho do ego ou seguir o caminho da alma.

Por essência, o ser humano é naturalmente AMOR. No entanto, na vida material, quando adquirimos um ego, criamos uma ilusão de separação que nos leva a acreditar que precisamos competir com o próximo por espaço, dinheiro, amor, e outros recursos.

É o ego que nos mantém acorrentados a essa ilusão de que eu sou menor e inferior ao outro ou, ao contrário, que sou maior e melhor que o outro, quando na realidade sou UM com o TODO.

Toda vez que percebemos alguém como um “inimigo”, estamos seguindo o caminho do ego. Eu sei que por muito tempo a humanidade cresceu por meio do conflito, de guerras de diferenças de opinião. O resultado disso é que hoje, em 2024, vivemos em um mundo extremamente polarizado, o que gera muito sofrimento.

Não estou sugerindo que devemos nos calar. Podemos questionar as opiniões dos outros. Porém, toda vez que você ataca a integridade da pessoa em vez dos seus argumentos, isso vem do seu ego.

O ego nunca está interessado na verdade. Ele só quer ter razão.

Por isso, ele leva à separação, hostilidade, disputa, rancor, orgulho, inveja, inquietação, materialismo…e guerra.

Cada vez que eu me acho o “dono da verdade” ou superior aos outros, estou contribuindo para a perpetuação da polarização e separação que vivemos hoje, para as futuras gerações.

Como tudo na vida é dual, temos o outro lado: o caminho da alma. Esse lado é pautado pela verdade, união e, em última instância pelo amor. Sei quando estou seguindo o caminho da alma porque sinto graditão pelo meu caminho, partilho meus aprendizados, tenho humildade, sabedoria e muita paz. Quando sigo o caminho da alma, aprendo a perdoar os outros e a me perdoar também.

O caminho da alma consiste em enxergar a vida como ela é e os outros como são. Toda vez que seguimos o caminho da verdade, nos abrimos para a nossa humanidade. Quanto mais verdade passo a enxergar em mim, mais enxergo no outro. Mais humanidade também posso ver em todos e isso traz consigo a compaixão.

Como eu sei que estou vivendo minha vida a partir do ego ou a partir da alma?

Você percebe que está vivendo a vida a partir do ego quando persegue um objetivo e, ao alcançá-lo, não encontra felicidade. Significa que você estava buscando fora o que só pode encontrar dentro.

Estava provavelmente buscando a aprovação dos outros, mas aquele sonho não era realmente seu.

Quando você fica ansioso pensando se vai ter sucesso ou se vai fracassar, geralmente é porque o ego está muito presente.

No entanto, nem sempre manifestamos coisas na vida a partir do ego. Se você sente prazer ao longo do processo, provavelmente está trilhando o caminho da alma. Esse aspecto do prazer, de curtir o caminho é um indicador-chave. Se você aprecia o caminho, a conquista e o caminho se tornam uma coisa só.

Outro indicador importante é o senso do coletivo. Você percebe que está seguindo o caminho da alma quando a sua intenção é que o seu projeto, o seu serviço, o seu produto, o seu atendimento beneficie não apenas a si mesmo, mas também a todos. Se apenas você se beneficia, não é uma solução adequada. Se todos se beneficiarem, exceto você, também não é ideal.

Assim como em uma orquestra, posso afinar o meu instrumento para me destacar. Este é o caminho do ego. Ou, posso afinar meu instrumento para que toda a orquestra e a composição como um todo soem bem. São intenções bem diferentes.

Vivemos em um mundo pautado pelo medo

O Grito de Edvard Munch

O ego, além de alimentar a ilusão da separação, é regido pelo medo.

Infelizmente, nossa sociedade foi condicionada pelo medo. Aprendemos a ter medo desde a primeira infância, pois ele está enraizado nos nossos sistemas educacionais, de saúde, religioso e político. Uma espécie de medo coletivo se manifesta em nossas vidas.

Quem nunca ouviu os pais dizerem: “se você não guardar toda essa bagunça agora, não terá sobremesa” ou “não coma a comida que caiu no chão porque você vai ficar com dor de barriga e terá que ir ao médico”. Medo.

E na escola? Eu não sei você, mas meus professores usavam o medo para que seguíssemos certas regras. Quem desobedecia perdia cinco minutos de recreio ou era mandado para a sala do diretor. Felizmente, o sistema educacional está mudando, mas ainda temos um longo caminho pela frente.

Para ficar claro: não estou dizendo que não devemos estabelecer limites. Limites são essenciais. A criança que não encontra limites dentro de casa vai buscá-los fora, na escola, na rua. Pode se tornar um adolescente que vai mal nos estudos ou até pratica atos ilícitos numa busca inconsciente pelos limites que não recebeu. Quando colocados de maneira adequada, com firmeza e gentileza, os limites nos ensinam a ter empatia pelo outro, a valorizar nossa vida e nosso corpo, e a nos sentirmos seguros.

Porém, muitas vezes os limites são colocados com foco excessivo no medo, o que acaba gerando estresse ou paralisia.

Posso dar outro exemplo. Antes do câncer de mama, confesso que fazia meus check-ups porque tinha medo da doença, e não porque queria cuidar do meu corpo e da minha saúde para ter uma vida longa ao lado das minhas filhas. Sempre o medo.

Exercício de Reflexão

Para transcender esse estado do medo e da separação, traga os seus medos para a consciência:

Dedique um momento agora para listar seus maiores medos ou inseguranças. Anote também tudo aquilo do qual você se envergonha, todas aquelas coisas que você fez que não contaria nem para seu melhor amigo. É possível que você sinta alguma resistência ao realizar este exercício. Não se preocupe. Acolha tudo que vier e lembre-se: ninguém irá ler o que você escreveu. Você pode rasgar o papel, pode queimá-lo. O imporante é ser completamente aberto e honesto com você mesmo. Simplesmente nomeie os medos. Isso por si só já é libertador.

Coragem não é ausência de medo

Coragem não é a ausência de medo. É saber dar o próximo passo, mesmo com medo, assumindo a sua parte. Como diz Marianne Williamson: “Conforme nos libertamos do nosso medo, a nossa presença automaticamente libertará outros.” Entendi nos últimos anos que, quando mudamos a nossa mentalidade e encaramos os nossos medos, finalmente começamos a prosperar.

Mas principalmente, temos que ter coragem de voltar a conversar.

Vamos conversar?

Espero que essa News tenha provocado reflexões em você. Quero ouvir como ela te tocou, me fala nos comentários?

Com amor, Déa

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✍️ Escrita por Andrea Felicio compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Mentalidade, Mulheres e Marketing.

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