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Será que eu caso ou compro uma bicicleta?
Laboratório do Ser - Edição #003
A arte de fazer escolhas
Existem duas formas de tomar decisões na vida:
1 - De maneira superficial
2 - Com consciência
Acho importante saber que toda decisão apresenta duas ou mais alternativas.
Então, como tomar boas decisões?
Este é o tema que vou abordar nessa newsletter.
Por mais paradoxal que possa parecer, é infinitamente mais saudável escolher o caminho errado, mas com a atitude certa, do que o caminho certo com a atitude errada.
E qual é a atitude certa então?
Saber o que você quer.
Perceber as consequências envolvidas.
Entender que não se pode ter tudo ao mesmo tempo - quem acha que pode é infantil.
Saber que toda alternativa (vantagem) tem um preço a ser pago ou alguma desvantagem. Quando queremos olhar apenas para o lado bom de uma decisão e evitamos olhar para a renúncia que teremos que fazer, estamos tentando “fraudar” a vida.
Estar disposta a pagar o preço, mesmo antes de saber se a possível desvantagem irá se concretizar.
Vamos aprofundar um pouco na arte de fazer escolhas.
Dor x Prazer
No seu livro Desperte o Seu Gigante Interior, Tony Robbins diz que as forças que controlam as nossas ações são bem simples. Tudo que eu e você fazemos tem um viés claro: ou agimos para evitar a DOR, ou para alcançar mais PRAZER.
Ter clareza sobre as forças que nos movem - DOR e PRAZER - é o que vai possibilitar que você faça escolhas de maneira mais eficaz.
Depois do câncer de mama, entendi que eu precisava cuidar mais do meu corpo. Treino três vezes por semana com um personal e jogo tênis duas vezes na semana. Confesso que adotei esse novo hábito porque ouvi do oncologista que levantar peso, ganhar massa muscular e cuidar do meu corpo reduziria a chance de uma recidiva em 40%.
Ou seja, comecei por puro medo e eu ia todo dia na força do ódio mesmo, porque nunca tive saco para academia. É claro que eu sabia que eu deveria malhar, mas eu acabava procrastinando.
O que é a procrastinação? É quando você sabe que você deve fazer uma coisa, mas mesmo assim não faz. E por que você não faz? Porque você acredita que agir vai te trazer mais dor do que adiar o que deve ser feito.
Ou seja, no meu caso, malhar traria mais dor do que simplesmente ficar enrolando. Acontece que quando o oncologista diz que isso reduziria a chance de recidiva em 40%, de repente deixar de agir se torna mais doloroso do que procrastinar. Pronto! Foi o impulso que eu precisava para mudar.
Algumas pessoas sentem dor e, ainda assim, não conseguem mudar. A explicação é bem simples:
A água ainda não está batendo na bunda. Ainda não está doendo o suficiente. O calo não está apertando tanto o sapato.
Talvez você rejeite o que vou falar agora, mas se você está adiando tomar uma decisão importante, existe algum benefício ou ganho secundário em permanecer onde você está.
Vivemos em um mundo dual e, por isso, para cada decisão existe uma VANTAGEM e uma DESVANTAGEM.
Acredite, às vezes nosso inconsciente ou nosso sistema emocional, encontra vantagens em permanecer na merda.
Não decidir é também uma decisão
Quando você não decide, você continua com a mesma vida, os mesmos desafios. Repete os mesmos padrões. Eu sei que o seu cérebro faz de tudo para manter você por mais tempo nesse “mais do mesmo”. Quando você tenta sair da zona de conforto, o inconsciente já traz um monte de gatilho de medo para forçar você a voltar para a sua lama quentinha e gostosinha.
Should I Stay or Should I go?
Eu uso bastante esse modelo para me ajudar na tomada de decisões: a matriz de perdas e ganhos.
Vamos a um exemplo hipotético. Você precisa decidir se vai morar fora do Brasil ou se fica por aqui. Preencha a seguinte tabela:
O que eu ganho ao morar fora?
Vou aprender uma nova língua. Vou vivenciar uma nova cultura. Viverei em um país mais seguro.
Estes são motivadores pelo prazer!
O que eu perco ao morar fora?
Convivência com meus pais que estão ficando mais velhos. Meu círculo de amigos.
Esses são os sabotadores pela dor. São as coisas que você perde ao agir.
O que eu ganho se eu permanecer no Brasil?
Ganho tempo com minha família. Permaneço no meu emprego que me traz retorno financeiro e segurança.
Esses são os sabotadores pelo prazer. Sabotadores pelo prazer, Déa?
Sim. Porque deixo de ir para ficar na zona de conforto. Os famosos benefícios secundários encontram-se aqui. É por isso que sempre insisto: olhe para o prazer negativo que você sente em ficar no mesmo lugar.
O que eu perco se eu permanecer no Brasil?
Perco oportunidades de emprego por não saber falar outra língua. Perco a experiência de vivenciar profundamente outra cultura e ampliar o meu repertório. Perco a sensação de andar livremente pela rua com meu celular na mão sem medo de ser assaltada.
Esses são os motivadores pela dor. Vão me impulsionar a mudar porque permanecer no Brasil tem desvantagens maiores.
Quando a dor de ficar estagnada no mesmo lugar sem fazer nada for maior do que a dor de mudar ou buscar algo novo, tomamos uma decisão.
Este é o princípio básico por trás das escolhas que fazemos. Por isso a matriz é tão bacana. Ela traz clareza para a complexidade por trás das decisões e nos ajuda a esclarecer o dilema da famosa música do The Clash: “Should I Stay or Should I go?”
Medo de Perder x Desejo de Ganhar
Para a maioria de nós o medo de perder impulsiona mais do que o desejo de desejo de ganhar algo ou ter prazer.
Minhas filhas gostam de assistir um seriado chamado Não Durma no Ponto no Netflix. Sem dormir por 24 horas, os concorrentes desse game show enfrentam desafios bizarros pela chance de ganhar 1 milhão de dólares.
O seriado escancara claramente como nós seres humanos tomamos decisões. Chega uma hora no jogo em que alguns concorrentes já garantiram uma certa quantia de dinheiro - digamos que seja US$ 10 mil dólares. O medo de perder os US$10 mil já conquistados no jogo é muito maior do que o ganho potencial US$1 milhão se o participante continuar no jogo. Por isso, muitos desistem de arriscar. Para se arriscar melhor, sugiro visitar cemitérios (mais adiante nesta Newsletter falarei disso).
Em terra de cegos quem tem um olho é Rei: o paradoxo da escolha
Em um mundo em que estamos constantemente sendo bombardeados com inúmeras ofertas e numa velocidade cada vez mais insana, perdemos a clareza. A clareza passa a ser um benefício intangível de altíssimo valor.
Pensa aqui comigo: antigamente na sua rua existiam quantos mercados? Talvez dois ou três. Tinha a mercearia do João, o mercadinho da Maria e o açougue do Pedro.
As frutas e legumes eram mais fresquinhos no João. A carne você comprava com o Pedro. O restante você comprava no mercado da Maria. Fácil. Poucas opções.
Mas e agora? Como é a sua rua?
Tem MILHARES de mercados! Tem o supermercado do Cleber, o hipermercado da Luisa, o hortifruti da Silvia e o sacolão da Gisele.
Eu moro no Brooklin. Sabe quantas farmácias tem na Avenida Padre Antônio José dos Santos, uma avenida cuja extensão é de aproximadamente 1,6 quilômetros? Oito!!!! (só a Drogasil tem duas, até hoje não entendi o porquê).
Na livraria virtual da Amazon há 2 milhões de títulos disponíveis. Existem milhares de profissões disponíveis, 5 mil destinos de férias e uma variedade infinita de estilos de vida. Nunca houve tanta opção.
Fica difícil decidir, né?
Assim seguimos no mundo atual. Sem clareza, numa sociedade super comunicativa. Todos os dias eu sou bombardeada com:
O post da Joana me ensinando a criar uma mentoria high ticket.
O post do Haroldo dizendo que agora o rolê é vender todo dia pelos Stories porque lançamento já era.
O post do Gabriel que diz que não tenho que tenho que parar de produzir conteúdo e fazer social selling.
O post da Bárbara que diz que na verdade tenho que criar N produtos para ter uma esteira coerente e empilhar esses produtos para triplicar os resultado dos meus lançamentos.
O post do fulano que diz que tenho que vender no perpétuo e o do sicrano que diz que tenho que fazer Webinários.
Se dou ouvidos a isso, fica aquela confusão: devo comprar o curso de quem? Quem pode me ajudar a ter sucesso? Você começa a buscar a solução fora, sem olhar para o seu contexto.
Aposto que também é assim com você!! Me conta se acertei?
Em seu livro O paradoxo da escolha, o psicólogo americano Barry Schwartz descreve porque o excesso de escolhas acaba com a nossa qualidade de vida.
Há três razões:
A primeira é que ter muita opção leva a uma paralisia interior. Com uma oferta muito ampla o cliente não consegue decidir e acaba não comprando nada.
A segunda razão é que ter muita opção leva a decisões piores porque as escolhas podem estar desalinhadas ao seu contexto individual. Você escolhe fazer lançamentos porque está todo mundo fazendo isso, mas você tem dois filhos pequenos e um emprego CLT que você ainda não pode largar. Você não tem equipe e tem pouco tempo sobrando. Você até pode comprar a mentoria, mas qual a chance de realmente aplicar o que será ensinado?
A terceira razão é que ter muita opção leva à insatisfação. Quanto mais opções, mais insegurança e, portanto, mais insatisfação você terá após a escolha. Você termina frustrada.
Qual é o seu Contexto?
Pense bem a respeito do seu contexto antes de olhar para as ofertas existentes.
Perguntas poderosas:
Onde você esteve? Onde está agora? Onde quer chegar? Qual é o seu quadro dos sonhos?
Como quer viver? A escolha é congruente com a sua realidade e o seu estilo de vida?
Liste os seus 20 valores principais, vou listar alguns aqui para facilitar:
Liberdade, Família, Justiça, Integridade, Empatia, Amor, Compaixão, Amizade, Sabedoria, Trabalho em equipe, Curiosidade, Criatividade, Gratidão, Perseverança, Espiritualidade, Liderança, Humor, Coragem, Humildade, Visão.
Escolha apenas 5 principais valores dentre os 20. Reduza novamente para 3. Ao final do exercício, escreva o seu principal valor de vida. Um único. Trabalhe para que ele nunca seja violado e você nunca entrará em conflito.
“Por que você deveria visitar cemitérios?”
Em seu livro, A Arte de Pensar Claramente, Ralf Dobelli traz um conceito que tem me ajudado muito na hora de tomar decisões: o viés de sobrevivência.
O viés de sobrevivência é um conceito importante em estatísticas, análise de dados e pesquisa. Refere-se ao erro sistemático que ocorre quando se analisam apenas os resultados ou observações que sobrevivem a um processo ou a um período de tempo específico, ignorando aqueles que não sobreviveram.
Em outras palavras, ele se concentra apenas nos casos que ainda estão presentes ou disponíveis para análise e deram certo, excluindo informações sobre os casos que foram perdidos, falharam ou foram removidos do conjunto de dados.
O viés de sobrevivência pode levar a conclusões distorcidas ou incorretas, como constata Rolf Dobelli:
“Por trás de todo escritor de sucesso, escondem-se outros cem, cujos livros não são vendidos. E por trás de cada um desses cem, outros tantos que não encontraram editora. E, por sua vez, por trás destes, mais cem com um manuscrito iniciado na gaveta. No entanto, só ouvimos falar dos bem-sucedidos e desconhecemos quão improvável é o sucesso de um escritor.”
Quando eu trabalhava no mercado financeiro como analista financeiro na corretora do Itaú, eu acompanhava diariamente o desempenho do Índice Ibovespa. Esse índice é uma ferramenta crucial para avaliar o desempenho das principais empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo.
No entanto, no Ibovespa consiste apenas nas empresas que têm sucesso no mercado. O índice não considera as empresas que não cresceram ou fracassaram - ou seja, a maioria.
Isso pode levar a uma visão excessivamente otimista do mercado de ações brasileiro, subestimando os riscos inerentes e a probabilidade de falhas.
O mesmo vale para atletas, artistas, arquitetos… e terapeutas.
Por isso, se você quer mudar de carreira para se tornar consteladora, não olhe apenas para os casos de sucesso. Ah, mas fulana de tal é consteladora e fatura R$1 milhão por mês, a outra tem mais de 27 mil alunas e atendimentos… vou pesquisar os “fatores de sucesso” delas e replicar.
Se você visitar o cemitério dos consteladores fracassados verá que estes supostos “fatores de sucesso” também foram utilizados por eles. É triste, mas também saudável, avaliar também os “fatores de fracasso” antes de tomar uma decisão.
Quero terminar com essa foto para mostrar que é possível mudar qualquer coisa na sua vida. O que antes era um suplício - malhar - se tornou algo que me enche de dopamina e prazer.
Como diz meu mentor, Henrique Carvalho:
“As pessoas precisam mais de consistência do que de intensidade. Intensidade é correr uma maratona. Consistência é não perder um treino duas vezes seguidas durante um ano. A intensidade gera uma boa história, mas a consistência gera progresso.” Esse assunto fica para a próxima Newsletter!
Se a vida que você leva hoje não é a vida que você quer viver, te convido a tomar uma decisão: participe do evento O NOVO FEMININO.
Vou te ajudar para a decisão ficar bem fácil:
O que você ganha ao participar do NOVO FEMININO?
O evento é 100% online e gratuito. Você ganha repertório, conhecimento, confiança. Você terá acesso a PDFs com ferramentas práticas para você:
Resgatar os seus sonhos e metas;
Ir além da síndrome da impostora;
Triplicar o valor da sua hora e poder viver exclusivamente de desenvolvimento humano;
Você vai aprender a mapear a sua mandala lunar para aumentar a sua produtividade de acordo com os seus ciclos. E muito mais!!!
O que você perde quando deixa de participar?
A oportunidade de viver daquilo que você ama - desenvolvimento humano - sendo muito bem remunerada por isso.
A oportunidade de fazer uma transição de carreira de maneira segura e assertiva.
A oportunidade de colocar a sua voz no mundo por todas as suas antepassadas que não puderam ter voz.
A oportunidade de quebrar o ciclo e se tornar uma referência de um novo feminino para as gerações que estão por vir.
O NOVO FEMININO começa amanhã, meio-dia!!!! (clique no nome do evento para se inscrever)
📚 O que estou lendo: A arte de pensar claramente - Rolf Dobelli
🎵 O que estou ouvindo: Should I Stay or Should I go? - The Clash
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Alquimia da Mente do meu mentor Henrique Carvalho
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Na próxima edição #004
Na próxima edição vou falar sobre Como criar novos hábitos para mudar qualquer coisa na sua vida
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✍️ Escrita por Andrea Felicio compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Mentalidade, Mulheres e Marketing.