Eu não consigo mais esconder...

Laboratório do Ser - Edição #008

Instagram não é vida real. Não mesmo!!!!

Me deparei essa semana com o seguinte texto no Instagram do Tico Santa Cruz:

“"Legal o seu tanquinho, mas como está sua cabeça?

Legal seu treino, importante inclusive, mas como tá sua saúde mental?

Bacana suas declarações de amor nas redes sociais, mas como está aí em casa?

Lindas as suas viagens, belos lugares, mas e a saúde financeira tá em dia?

Belo carro, mas como anda o sono?

Suas opiniões são fortes, mas está praticando o que prega?

Lindo o post falando sobre Deus, tem respeitado as diferenças entre as pessoas?

Importante o procedimento estético para a autoestima, mas como está o seu coração?

Bastante seguidor... quando você está sozinho o que passa pela sua cabeça?

Um monte de amigos nas fotos... quantos estão com você nos dias ruins?

Família bonita na foto, seus filhos tem recebido atenção?

O que é real e o que é para se exibir para os outros?

Quem quer mostrar demais, tem de menos por dentro

As perguntas foram como um soco no estômago, revelando toda a podridão que as redes sociais tentam esconder.

Estou cansada de tanta ostentação nas redes. Estou cansada de tantas mentiras. Estou cansada das pessoas dizendo que empreender é fácil, que dá para ganhar dinheiro do dia para noite. Estou cansada de ver gente vendendo uma vida perfeita, com seus cachorros e gatos perfeitos, seus relacionamentos perfeitos, seus filhos perfeitos.

Bert Hellinger disse: “Só o imperfeito pode evoluir. O perfeito estagnou, cristalizou-se (vulgo: mo-rreu). Portanto, só o imperfeito tem futuro."

Hoje quero explorar o lado oculto das redes sociais, como elas afetam a nossa saúde mental e o que o futuro reserva - na minha opinião - para essas plataformas.

Redes Sociais: O Lado Oculto que Atinge Nossa Saúde Mental

Fim de um domingo qualquer. Você está em casa, deitada na sua cama ou relaxando no sofá, deslizando pelos stories inocentemente, um por um, explorando a vida de outras pessoas enquanto você está em casa.

Você passou o domingo lavando a louça, arrumando a casa, cuidando dos filhos e planejando a sua semana porque você precisa trabalhar e pagar contas. Você interagiu com sua família e viveu um dia normal, sem nenhum GLAMOUR.

Só que na tela você vê: 

  • Viagens a Paris, Dubai, Roma

  • Bolsas da Chanel ou da Gucci sendo desembaladas

  • Fulano no seu Porsche ou Mercedes novinha em folha dando uma volta pela cidade

  • Nasceu mais um filho perfeito do casal perfeito

  • Plaquinhas de faturamento

  • Casas de praia, chalés na montanha

  • Barrigas tanquinho, chapadas e muita foto na academia

  • Cachorrinhos e gatos fofos e espertos

  • Mais uma palestra dada em um teatro com 1500 pessoas, mais um livro escrito, mais um jantar de gala, mais uma festa de 40 anos regada a Veuve Clicquot

E, então, você começa a questionar se a sua vida está se tornando monótona.

Parece que todos estão por aí "vivendo" e se divertindo. Você começa a achar que todos ganham mais do que você, têm cachorrinhos e gatos mais obedientes do que o seu (que só dá trabalho roendo os pés das suas cadeiras novinhas e faz xixi no tapete de casa), todos tem uma barriga tanquinho mais sarada do que a sua, todos são mais jovens do que você.

É nessa hora que um desconforto começa a crescer dentro de você. A angústia começa a se instalar, levando você a comparações com a vida alheia, das pessoas que, na maioria das vezes, você nem conhece pessoalmente.

Isso gera ansiedade, irritação e, logo em seguida, milhares de pensamentos de frustração começam a martelar sua mente.

Você começa a desejar ter um cachorro igualzinho o da fulana, da mesma raça e com o mesmo nome. Tão fofo chamar o cachorro de Cheddar. Você também quer ter uma casa de praia igual a dela, nos Hamptons ou em Miami, para você mostrar para todo mundo que vive em vôos internacionais, de preferência em business class (porque econômica é zero glamour).

De repente você volta a olhar os stories e o feed, apenas para confirmar o que parece ser uma verdade universal: TODO MUNDO tem uma vida muito melhor do que a sua. Sua vida parece insignificante. Você compara o seu bastidor com todos esses recortes fake. Melhor ser uma ameba e viver apenas para fazer fotossíntese.

Você se tornou um “voyeur", bisbilhotando a vida de 1000 pessoas que você mal conhece em 30 segundos.

Quanto mais você fica fuçando, mais “você passa a ver todos os seus sonhos sendo realizados… na vida de outras pessoas” (como disse o Guilherme Salles na sua Newsletter maravilhosa sobre o mesmo tema).

E talvez você nem tenha parado para pensar:

  • Esses sonhos são realmente meus?

  • Essas espiadelas refletem mesmo a realidade destas pessoas ou são apenas recortes dos seus “melhores momentos instagramáveis"?

Vou ser sincera, porque aqui eu posso ser: tem muita gente está criando realidades ilusórias, simplesmente para gerar conteúdo.

Como disse Tico Santa Cruz: “Na prática, basta uma lupa para focar na vida de qualquer um, e os problemas e momentos tediosos, exatamente iguais aos seus, tornar-se-iam evidentes. Quanto mais tempo você passa acompanhando a vida alheia, menos tempo dedica à sua própria, e os sentimentos de tristeza e frustração ganham espaço na sua mente.

Vou resumir aqui os principais danos que me vêm à mente quando penso no tanto de tempo que passamos no Instagram:

Comparação: A Armadilha da Ilusão

Para mim este é o principal dano e por isso comecei por ele. Quantas vezes você se pegou rolando o feed e se sentiu diminuído? As redes sociais são mestres em criar ilusões de vidas perfeitas. A verdade é que todos nós temos altos e baixos, mas o que vemos online geralmente é apenas o palco dos outros. A comparação nos leva a sentimentos de inadequação.

Procrastinação e Sonhos Adiados

Outro problema é a procrastinação. Quantas vezes você deveria estar fazendo algo produtivo, mas se viu perdendo horas preciosas nas redes sociais? Conheço muitas pessoas que adiaram seus sonhos por causa desse hábito. Lembro de um amigo que tinha o desejo de escrever um livro, mas sua jornada de escrita foi constantemente interrompida por notificações nas redes sociais. O livro foi parar no cemitério dos livros nunca escritos.

Confusão entre Realidade e Ilusão

As redes sociais também podem nos fazer confundir a realidade com a ilusão. Lembro-me de quando uma pessoa que eu seguia compartilhou fotos incríveis de suas viagens ao redor do mundo. Só que, ao encontrá-la pessoalmente, percebi que suas viagens não eram tão frequentes quanto pareciam online. A linha entre o que é real e o que é uma construção virtual pode ficar borrada.

Problemas de Saúde Mental

Outra preocupação séria é o impacto das redes sociais em nossa saúde mental. Será que realmente precisamos disso? Você fica sabendo que o casamento da Sandy terminou e logo fica revivendo antigas feridas do término do seu casamento. A cantora famosa foi traída… lá vai você remoer as suas feridas relacionadas à traição e por aí vai…

Uma Luz no Fim do Túnel

Recebi da minha amiga Fabi Ormerod, no nosso grupo de WhatsApp dos loucos por Newsletter, uma pesquisa que me encheu de esperança.

Um relatório publicado pelo Dazed Studio - The Future of Social Media - aponta que talvez seja o fim da Era de Ouro das redes sociais. Estamos perto de um momento de virada. Os jovens, com idades entre 19 e 25 anos, estão começando a dar as costas às gigantes plataformas de mídias sociais.

Apesar do aumento no tempo gasto em frente às telas, as pessoas na faixa etária de 19 a 25 anos são as únicas que têm reduzido o uso dos aplicativos de mídia social. O relatório atribui essa tendência a uma postura mais crítica em relação à forma como as grandes plataformas exploram os dados dos usuários.

A polarização e a instabilidade política, as preocupações sobre a integridade e confiabilidade das grandes empresas de tecnologia e o impacto do interminável scroll na saúde mental também desempenham um papel importante nessa mudança” - diz a matéria.

No cenário pós-pandêmico, muitos jovens estão priorizando o bem-estar pessoal e conexões reais e íntimas em detrimento da exposição constante nas redes sociais. O abandono do velho modelo vem aliado a uma maior busca por autenticidade. Leia a primeira Edição do Laboratório do Ser se este assunto da Autenticidade te interessa!

Nem vem que não tem

Um dos ícones principais da era de ouro das redes sociais está em decadência. Segundo uma pesquisa da Trustpilot, dois terços dos consumidores dizem que o seu nível de confiança nos influenciadores digitais é baixo.

E a desconfiança não se restringe apenas aos influenciadores, mas se estende a todas as formas de publicidade relacionada às redes sociais.

Será o começo do fim?

Li essa semana na Bloomberg que, a partir de novembro de 2023, a Meta oferecerá aos usuários na Europa um acesso sem anúncios ao Facebook e ao Instagram, mediante a cobrança de uma taxa de assinatura.

Os usuários poderão assinar os sites de mídia social por 9,99 Euros (US$10,57) por mês na web ou 12,99 Euros ( US$13,78) por mês por meio dos aplicativos para iOS e Android. Os serviços por assinatura serão oferecidos a qualquer pessoa na União Européia e em mais 4 países: Islândia, Lichtenstein, Noruega e Suiça.

As assinaturas são uma reação às crescentes regulamentações sobre como os dados dos usuários são coletados e utilizados. A decisão partiu do Tribunal de Justiça da União Europeia, que se posicionou contra as práticas da Meta de comercializar dados de usuários para anunciantes.

"Com essa crescente desconfiança contra os criadores, provavelmente veremos uma mudança em direção a plataformas nas quais você não é obrigado a ser o rosto do seu conteúdo, apesar disso parecer improvável no TikTok no momento."

Hatti Rex, líder de Mídias Sociais na Dazed

A Geração Z está buscando um envolvimento mais consciente e lento com as informações. Conteúdo mais longo e de alta qualidade, que vale a pena consumir, está ganhando destaque, impulsionando a popularidade de formatos como blogs e newsletters (ebaaa!!!)

Me conta se você está curtindo a gente se falar por aqui?? Pode responder a esse email com seu feedback! Ele é muito importante para mim.

Detox Digital

Por que Largar as Redes Sociais é Importante - Ações Práticas

Largar as redes sociais, mesmo que temporariamente, pode ser uma escolha crucial para recuperar o controle da sua vida.

Uma abordagem prática é reduzir o tempo que você gasta nas redes. É importante aprender a administrar esse hábito. Por aqui fiz isso:

  • Desativei as notificações e criei horários específicos para usar as redes sociais.

  • Instalei o aplicativo Forest para me auxiliar no foco e na produtividade

  • Estou pensando em desinstalar por completo o Instagram do meu celular e utilizá-lo apenas na versão Web. Confesso que ainda não tive a coragem de dar esse passo, mas acho que vai me fazer um bem enorme.

A vida real é muito mais significativa do que qualquer feed!

O retorno ao contato humano real e íntimo é uma solução real para muitos dos problemas causados pelas redes sociais. Encontrar tempo para relacionamentos significativos off-line é uma maneira de reconectar com quem você ama.

  • Tire um tempo para você mesmo longe das redes. Eu gosto de ir para um lugar tranquilo, de preferência no meio da natureza e silenciar. É impressionante como minha criatividade aflora nessas pausas!

Aposte na profundidade

Navegue em águas mais profundas e saia do raso das redes sociais. Aumente o seu repertório buscando por conteúdo de qualidade. As pessoas estão começando a valorizar conteúdo longo e de alta qualidade, é por isso que invisto meu tempo aqui. Os resultados são incríveis.

O problema é raramente o problema

As redes sociais não são inerentemente ruins; é como as usamos que faz a diferença. Eu venho diminuindo cada vez mais o meu tempo nas redes sociais e acho que você deveria fazer o mesmo.

Acredite: a maioria dos seus problemas vem dos seus pensamentos e de como você percebe as coisas… e você passa mais tempo nas redes do que deveria. Está na hora de falarmos disso, concorda?

Newsletters de quem admiro:

Alquimia da Mente do meu mentor Henrique Carvalho, que é uma inspiração para mim. Tenho o privilégio de aprender com ele sobre como transformar a escrita em uma forma de sustento.

Bruxa Cientista da minha amiga e astróloga Fabi Ormerod. Em sua última newsletter, “A vida não é um morango", Fabi trouxe uma perspectiva valiosa sobre o impacto negativo das redes sociais em nossas vidas. O tema realmente ressoou comigo.

Copy Letter a última edição da Newsletter do Lucas quebra vários paradigmas sobre a rodinha dos ratos à qual nos submetemos quando corremos atrás de diplomas e mais.

GW Salles do Guilherme Salles. Neste link que colei, ele fala sobre o Instagram ser a chupeta dos adultos e como isso pode ser nocivo para o seu espírito.

🎦 Sugestão de filme, na Netflix:

O Dilema das Redes - Especialistas em tecnologia e profissionais da área fazem um alerta: as redes sociais podem ter um impacto devastador sobre a democracia e a humanidade.

Na próxima edição #008

  • Na próxima edição, eu vou falar sobre como é importante quebrarmos o ciclo de padrões repetitivos do nosso sistema familiar e darmos um novo passo. Vem comigo?

Sua opinião é muito importante para melhorar a Newsletter. Aguardo seu feedback por email ou no meu direct do Instagram.

📩 Sobre a Newsletter Laboratório do Ser

✍️ Escrita por Andrea Felicio compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Mentalidade, Mulheres e Marketing.

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