Eu deixei de ser boazinha por causa de um sorvete Farofino

Pode parecer loucura, eu sei… mas vamos ao contexto.

O ano era 2010 e eu estava montando o plano de negócios da Vivo TV que seria lançada em breve.

Nosso objetivo era lançar uma televisão por satélite de baixo custo para pessoas que nunca tiveram acesso à TV paga. Os custos não fechavam e estávamos rodando milhares de cenários do business plan (funciona como um roteiro que descreve cada etapa e recurso necessários para iniciar um negócio lucrativo).

Resolvemos fazer uma aposta grande: lançar sem a Globo.

Com tudo pronto, nosso Vice-Presidente mudou e resolveu que não estava bom assim. Sobrou para mim ter que gerar um novo plano de negócio em menos de 24 horas.

Eu vinha tendo, secretamente, crises de ansiedade.

Falei para o meu chefe que eu precisava sair para almoçar - para digerir essa informação - e eis que ele me trancou na sala junto com um menino da minha equipe.

A pressão era enorme em cima de todos nós e ele gritou: “Você não sai dessa sala enquanto não me apresentar um novo business plan!"

Meu funcionário e eu nos olhamos horrorizados e começamos a juntar os caquinhos da nossa dignidade para dar conta da tarefa.

⚠ Hoje eu teria tido outra conduta, teria denunciado o Diretor para o RH.

Mas, na época, eu ainda estava muito preocupada em ser a boazinha e me calei.

Quinze minutos depois, o Diretor volta com um hambúrguer e um sorvete Farofino do América (era o meu preferido). Foi o jeito que ele encontrou para demonstrar que tinha errado, mas pedido de desculpas mesmo eu nunca ouvi.

Nunca provei um farofino tão sem gosto.

O farofino me mostrou que:

• Se eu não trabalhasse pelos meus sonhos, iria sempre trabalhar pelos dos outros;

• O sim para todo mundo era um não para mim mesma;

• Eu precisava me posicionar. Foi a primeira vez que senti que era urgente construir novas referências de sucesso para as mulheres das gerações que estão por vir.

Pedi demissão pouco depois e hoje posso dizer: foi a melhor decisão da minha vida!

7 sinais de que você precisa melhorar os seus limites:

1. Você diz SIM quando quer falar NÃO.

2. Você coloca as necessidades dos outros em primeiro lugar.

3. Você tem medo de se posicionar.

4. Você se sente sobrecarregada e energeticamente exausta o tempo todo.

5. Você sente que não é respeitada.

6. Você se sente desvalorizada e fica ressentida com os outros.

7. Você não se cuida mais e não sabe mais quem você é.

Se você pensou: "Nossa, ferrou, me vi em vários desses sinais” a boa notícia é que há luz no fim do túnel. Ao longo da News vou te propor alguns exercícios, já prepara o papel e a caneta.

Sei como sair dessa porque eu já fui assim…

“Me ame, me ame, me ame, me ame, me ame…. por favor me ame para que eu possa me amar”

Eu já tive a autoestima bem baixa. Queria agradar a todos para que gostassem de mim e precisava da aprovação dos outros para me sentir bem.

Quando alguém não gostava de mim, acabava com o meu dia. Eu achava que eu era tudo aquilo que a pessoa falou. Aquilo e somente aquilo. Nada mais.

Eu dizia sim para coisas que eu não queria fazer para ser legal, não colocava limites na minha vida.

Foi só depois de muito tempo que entendi que era a minha baixa autoestima que me levava a dizer sim para tudo. Eu buscava nos outros, o amor o reconhecimento e o respeito que eu não me dava.

Fui dizendo sim para tudo até que tive um burnout!

Percebi, nestes últimos 5 anos trabalhando com desenvolvimento humano que essa síndrome da boazinha está presente em muitas mulheres.

As minhas alunas tem 40 anos de idade ou mais. A cada semana na minha caixinha e em toda mentoria em grupo ouço histórias de mulheres que fizeram tudo pelos filhos, pelo parceiro, pelos outros e esqueceram de si.

Há algumas semanas recebi mais um desses recados: Estou com 70 e poucos anos e não sei quem sou. Fiz tudo para todo mundo e não fiz nada por mim. Agora todos meus filhos tem a própria vida e eu não sei o que fazer com o tempo que me resta.

Meu coração ficou apertado e meus olhos se encheram de lágrimas. Deve ser muito difícil chegar a esse ponto da vida sem saber quem você é, porque você passou a sua vida querendo agradar os outros.

Desperte a sua Cinderela Interior

Quando eu era criança, eu adorava o conto da Cinderela. Você lembra da história?

Cinderela torna-se escrava da madrasta e de duas irmãs cruéis. Na linguagem arquetipica, a madrasta e suas filhas podem ser consideradas criaturas inseridas na psique da mulher pela cultura à qual ela pertence.

As megeras dizem: “Você não sabe fazer isso. Não é boa o suficiente. Você não tem a coragem necessária. Você é tola, sem graça. Desista enquanto ainda pode!"

O mesmo vale para nós (para mim a megera era o meu chefe, para você pode ser outra pessoa).

Quantas vezes você desistiu por ouvir essas vozes dentro da sua cabeça?

Quantas vezes você insistiu em ser gentil, boazinha e simpática quando você deveria acordar e perceber o que realmente estava acontecendo?

A recompensa por ser boazinha, em circunstâncias repressoras, é a de ser MAIS maltratada. Quanto mais você se submete, mais abusam de você e pior do que isso: mais você se maltrata.

Por exemplo, mulheres criadas em famílias que não aceitam os seus talentos, costumam tomar nas mãos alcançar coisas extraordinárias, sem saber por que agem assim. Elas acham que precisam ter três doutorados, ficar penduradas no Monte Everest de cabeça para baixo ou realizar todo tipo de empreitada para provar à suas famílias que tem valor.

E agora me aceitam? E agora me amam?

• Assim como a Cinderela, você não poderá crescer se ficar parada servindo de saco de pancadas para todos.

• Também não poderá crescer se não aprender a se posicionar por puro medo.

• Não crescerá se você esconde os seus sentimentos mais profundos

• E, com certeza, não crescerá se ficar esperando o tal príncipe te resgatar.

Desperte a sua Cinderela interior dizendo não para as megeras!

De quebra ainda conquiste o príncipe.

Por que é tão difícil colocar limites?

1 - Porque nós mulheres fomos criadas para sermos boazinhas. As cobranças já começam desde cedo: cruze as pernas!; não fale alto!; abrace aquele tio que você não quer abraçar!; seja perfeita!

2 - Porque somos leais às nossas antepassadas que não tiveram voz. Ter voz não é somente fazer uma live, dar uma palestra. É colocar limites para os seus pais, para os filhos, para o marido. É pedir um aumento para o seu chefe quando você sabe que merece e trabalhou mais do que todos os outros da equipe. Ou dizer àquela conhecida que só te procura quando precisa que você não vai poder ajudá-la mais uma vez.

Como muitas das nossas antepassadas foram silenciadas, temos dificuldade em quebrar o ciclo.

3 - Porque queremos ser perfeitas e sustentamos a ideia equivocada de que temos que dar conta de tudo. Nos esforçamos 5x mais do que qualquer um para nos destacarmos.

O dia mal começa e você tem uma entrega gigantesca para fazer no trabalho, ao mesmo tempo tem que levar as crianças na escola e no esporte, organizar a rotina com a faxineira, deixar as camisas do marido na lavanderia, conferir se a conta de luz está paga, ir para a academia… Cansei só de escrever isso!

4 - Porque temos muito medo do julgamento quando nos posicionamos. O que será que vão achar? O que vão dizer? Será que vão falar mal de mim?

5 - Porque, às vezes, de tanto tentar sermos perfeitas, nossa autoestima está em frangalhos.

6 - Porque temos dificuldade em tomar decisões por pura insegurança… se esse é o seu caso leia a Edição #003 da Newsletter Laboratório do Ser

Se não for um SIM óbvio, é NÃO

Uma boa estratégia é, a partir de hoje, dizer não para praticamente tudo. Se não for um sim óbvio, a sua resposta vai ser não.

O programador-filósofo Derek Sivers escreveu no seu blog:

“Aqueles de vocês que se comprometem demais, ou se sentem dispersos demais, poderão apreciar uma nova filosofia que estou experimentando: se não estou dizendo “Claro que sim!” para alguma coisa, então eu digo não. Ao decidir se me comprometo com alguma coisa, se a sensação foi qualquer tom abaixo de “Uau! Seria incrível! Com certeza! Claro que sim!", minha resposta será não. Ao dizer não para a maioria dos convites, você deixa espaço em sua vida para se jogar completamente naquelas coisas raras que fazem você dizer: "claro que sim!". Todos nós somos ocupados. Todos nós assumimos coisas demais. Dizer sim a menos coisas é a saída."

Menos é mais

A dor mostra o que você deve extirpar da sua vida. Examine a dor para encontrar clareza. A primeira pergunta que você deve fazer é:

Estou desmoronando ou progredindo?

Se estou desmoronando, o que posso subtrair da vida?

Liste agora: 20% - das atividades ou pessoas - que causam 80% ou mais das suas emoções negativas.

E reflita: Qual seria a pior coisa que poderia acontecer se eu parasse de fazer o que estou considerando parar?

Lembre-se: menos é sempre mais!!!

Comece pequeno

Limites mostram para as pessoas como você quer ser tratada.

Quando aprendi a colocar limites me enchi de energia vital porque não estava mais exausta dando mais do que eu tinha para dar.

Se você tem dificuldade em colocar limites sugiro começar pequeno. Talvez você se sinta esquisita no início. Continue.

Não vá querer começar impondo limites aos membros da sua família se você nem treinou antes!!!

Comece com pessoas com quem tem pouco vínculo emocional. Experimente dizer ao marceneiro que te entregou aquele rack todo mal feito que você não gostou do trabalho dele. Diga para o seu cabelereiro: “Não gostei muito da coloração desta vez.” Ou fale para a manicure: “Você tirou muito a minha cutícula e me feriu.”

Seja firme, mas gentil.

Pratique bastante e depois encare o desafio de se posicionar na família, com seus pais, avós, sogros, amigos. Quando você se respeita, os outros também passam a te respeitar.

Vou deixar logo abaixo um breve manual para você que sempre diz “sim” quando no fundo quer falar “não”.

Aprendendo a dizer NÃO com segurança - Bora treinar?

Quando alguém te pede para fazer o seu trabalho de graça (normalmente amigos e familiares):

“Muito obrigada por confiar em mim, mas infelizmente estou sem tempo disponível para te ajudar com essa tarefa."

Quando alguém te chama para um programa que você não curte:

“Eu adoro passar tempo com você, mas para ser bem sincero(a) eu não curto muito esse tipo de programa. Espero que você se divirta!"

“Adorei o convite, infelizmente não vou conseguir comparecer, mas obrigado(a) por pensar em mim!"

Quando alguém te pede para resolver um problema que ele(a) deveria resolver sozinho(a):

“Eu adoraria te ajudar com esse problema, mas acredito que você tenha mais conhecimento sobre o tema e, por isso, chegará numa solução melhor que a minha.”

Quando você está cansado(a) e com zero vontade de sair para encontrar tal pessoa:

“Eu ia amar te ver, mas tive uma semana muito corrida e me prometi um final de semana de descanso!”

Do que você precisa tirar férias?

Hoje à noite, ou amanhã de manhã, pense em uma decisão que você vem adiando e responda:

Se não agora, quando?

Se eu permanecer no estado atual, como estará a minha vida e o meu estresse daqui a seis meses? Daqui a 1 ano? Daqui a 3 anos?

Quem à minha volta também arca com as consequências da minha sobrecarga?

Espero que você encontre forças para dizer NÃO quando for necessário. Eu venho me esforçando para fazer o mesmo. Até agora, me sinto mais livre do que antes e o resultado tem sido melhor do que eu esperava.

Às vezes é preciso apenas uma folha de papel e algumas perguntas para conseguir um grande avanço. O que você tem a perder?

Suspeito que quase nada.

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✨ Indicações sinceras:

Alquimia da Mente do meu mentor Henrique Carvalho

Bruxa Cientista da minha amiga e astróloga Fabi Ormerod

Copy Letter do Lucas Antônio, uma news semanal sobre Copywriting, Marketing e Carreira.

 Na próxima edição #005

• Semana que vem provavelmente não teremos Newsletter porque depois de um lançamento intenso vou tirar uma semana de férias com a minha família. Uma mulher com o feminino curado sabe que precisa descansar.

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📩 Sobre a Newsletter Laboratório do Ser

✍️ Escrita por Andrea Felicio compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Mentalidade, Mulheres e Marketing.

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