Quanto Vale o Sucesso?

Lara, na época com 3 anos, brincava na sala de casa, ao lado da sua irmã de 4 meses.

– “Mamãe, a Lelê sabe falar - afirmou Lara, com seus olhos brilhando.

– “Não meu amor, a sua irmã ainda não fala.”

– “A Lelê não sabe falar, mamãe?” - repetiu, agora com um toque de preocupação na voz.

– “Não.”

Lara ficou pensativa, como se estivesse tentando resolver um enigma.

– “Mamãe, temos que comprar outra Lelê. Essa não funciona!!!

Segurei a vontade de rir. O seu coração era tão puro, mas ao mesmo tempo algo cortou meu coração como uma lâmina afiada. Senti uma saudade avassaladora que, na hora, eu não soube explicar.

– "Lara, meu amor, sua irmã é uma pessoa, não um brinquedo. E cada pessoa tem o seu tempo. Um dia ela irá falar."

– “Não mamãe! Ela é uma boneca, temos que comprar outra."

Antes que eu pudesse responder, Lara ficou pensativa novamente. Subitamente, seus olhos se iluminaram, como se tivesse encontrado alguém escondido atrás da cortina.

– "Mamãe, já sei!!!! Podemos trocar a pilha!!!! Ela vai funcionar!!!"

Já não sabia se eu dava risada, mantinha a seriedade ou chorava.

Tinha perdido tanto tempo ao lado delas, como areia que escorre entre os dedos.

Expliquei novamente que a Helena não era uma boneca, mas a Lara se fez de desententida, com uma teimosia tão encantadora quanto frustrante.

Senti um nó na garganta e um aperto no meu coração, como se estivesse segurando uma tempestade dentro de mim. Não estava acostumada a rotular minhas emoções então não entendi porque meus olhos de repente se encheram de lágrimas. Segurei a vontade de chorar, como eu havia aprendido a fazer ao longo dos anos.

Eu estava no auge da minha carreira, era CFO (Diretora Financeira) de uma empresa, ganhava muito dinheiro e tinha recursos para comprar o que muitos sonham em ter.

Mas naquele momento, tudo o que eu conseguia pensar era:

“Quantos diálogos assim estou deixando de ter?"

“Eu não sei como chegou a este ponto."

“Eu realmente não sei."

A Melhor Decisão da Minha Vida

A Helena chegou bem loirinha, um prenúncio de que tudo seria diferente a partir daquele momento. E foi mesmo.

Eu acreditava que já sabia tudo sobre maternidade, afinal já era mãe. Mas a verdade é que, naquela época, eu terceirizava grande parte das responsabilidades para as babás.

Conciliar meu cargo de CFO com a maternidade parecia impossível.

Sou imensamente grata a todas as funcionárias que seguraram as pontas durante o primeiro ano de vida da Helena.

Sou grata também porque tive o privilégio de poder contratar ajuda, já que eu não tinha meus pais nem meus sogros por perto.

Minhas funcionárias ocuparam um papel que, muitas vezes deveria ter sido meu, e foram a minha rede de apoio quando eu mais precisei.

Voltei ao trabalho quando a Helena tinha apenas dois meses. Como autônoma e Diretora Financeira de um grande projeto, acreditava que eu não podia me dar ao luxo de parar. 

Com muita dificuldade, consegui amamenatar Helena até os quatro meses e me senti vitoriosa por ter persistido.

Mas, algo dentro de mim me dizia que minha vida estava toda ao avesso.

Uma noite, pouco depois do diálogo com Lara, acordei de madrugada para amamentar Helena.

Com passos suaves, Lara entrou no quarto e me viu com a irmã no colo. Não disse nada, apenas voltou a dormir. Mas, percebi nos olhinhos dela que se sentiu traída.

A partir desse dia, Lara começou a ter uma insônia terrível, acordando de hora em hora, pior que a Helena, que era uma bebê de poucos meses.

Ninguém dormia mais em casa e essa situação se arrastou por quase dois anos. Para completar, a Helena era um “bebê chiador” e adoecia o tempo todo. Passamos inúmeras noites em claro, correndo para o hospital, fazendo inalação, e administrando Aerolin, Flixotide, Predsim.

Meu casamento parecia prestes a desmoronar. Estávamos exaustos.

Uma amiga, percebendo minha situação, sugeriu:

– “Você já parou para pensar que isso que você está enfrentando com as meninas pode ter uma origem mais antiga? Já ouviu falar em Constelação Familiar?

– “Tem a ver com estrelas???"

– “Não. Vou te levar para conhecer. Vamos juntas."

Eu estava exausta, topando qualquer coisa. Não custava tentar….

Quando entrei no tal lugar, soube imediatamente que fazia parte do que eu tinha vindo viver. Não sei explicar como, mas era uma daquelas certezas inabaláveis, que tomam conta de cada célula do nosso corpo.

Escolhi alguém para representar a Lara. A representante dizia que tinha medo de mim. Seu olhar era um pedido de resgate, de mudança, de reconexão. Parecia penetrar a minha alma e me dizer: “Quem é você mamãe???”

Eu não tinha respostas.

Pior, tive a certeza de que tinha perdido muito tempo determinada em justificar a minha existência no mundo. Estava sendo impulsionada por necessidades inconscientes de validação. Meu anseio por reconhecimento e por aprovação fez com que eu sacrificasse minha própria felicidade.

No meu ímpeto de me provar, através do trabalho, acabei ignorando o que era mais importante:

O TEMPO com quem eu amo.

As Constelações Familiares me transformaram. Dei adeus ao mundo corporativo, que tinha sido meu fiel companheiro por quase 20 anos e me trouxe muitas conquistas, sucesso, realização e dinheiro. Mas nunca me trouxe felicidade. Nem abundância.

Sucesso para mim é ver minhas filhas crescendo, me perder nos olhos delas, ouvir suas gargalhadas, vibrar com os primeiros passos. É beijar aqueles pés gordinhos, ler para elas “Counting Kisses” 1 milhão de vezes e beijar os umbiguinhos até chorarem de tanto rir.

É sentir seus braços ao redor do meu pescoço, a cama apertada e os chutes na costela quando elas têm um pesadelo e vêm dormir conosco (saudades dessa época).

É ver as duas brincando juntas na praia, cobrindo uma à outra de areia, nadando no mar e saber que, no final das férias, vão querer arrancar os olhos uma da outra, mas a redação na escola será sobre ter a melhor irmã do mundo.

É ver a Helena querendo ser igual à irmã mais velha, implorando para ter 12 anos logoooo!!

Parece que foi ontem que tomei a melhor decisão da minha vida: mudar de profissão para poder estar mais perto delas. Parece que foi ontem que me reencontrei, para poder encontrá-las também.

Helena foi o sopro da mudança. Chegou loirinha, bem loirinha, e tudo mudou para sempre.

Não adapte seu estilo de vida ao seu modelo de negócio. Adapte o seu modelo de negócio ao seu estilo de vida.

Quando resolvi usar a Internet para divulgar o meu trabalho com as Constelações Familiares e compartilhar a minha mensagem, os meus valores, busquei ajuda de mentores do marketing digital.

Investi um caminhão de dinheiro em mentorias que seguem o caminho do esgotamento e do burnout.

Logo eu, que trabalho com desenvolvimento humano, caí nessa cilada que prejudica a saúde mental.

Se você é mãe como eu, atende como terapeuta, ou ainda tem um emprego CLT que paga as contas, você dispõe de menos tempo para produzir conteúdo. É humanamente impossível produzir 80 pontinhos nos stories, fazer 28 lives e criar centenas de conteúdos para o feed sem algum prejuízo físico, mental emocional ou vibracional.

Por outro lado, se você não produz NENHUM conteúdo, está falhando como empresária. Goste ou não essa é uma realidade.

Então temos um dilema: Como ser você mesma, empreender e equilibrar todos os seus papéis de mãe, esposa, amiga, profissional dos cuidados e a produção de conteúdo?

Além disso o tempo está passando. Você não tem mais 20 e poucos anos.

Você quer mais tranquilidade, estabilidade e realização. Não quer mais investir uma década de esforços para obter resultados, certo?

O mundo digital impõe pressões e regras com as quais eu nunca concordei, mas por acreditar que não havia outra opção, resolvi seguir.

Resultado: adoeci.

Depois que tive câncer de mama, entendi que precisava mudar a minha forma de empreender. Por isso resolvi me reinventar.

Passei 2023 simplificando tudo ao máximo e estudando sobre organização e planejamento. Eu não acredito que uma carreira bem sucedida possa existir sem gestão de tempo e a maioria das mulheres não o tem. Por isso estão sempre se sentindo esgotadas e extremamente solitárias.

Eu só pude tirar três semanas de férias sem ficar ansiosa porque a minha empresa tem uma receita recorrente e muito planejamento.

E não, não preciso gravar anúncios, nem fazer lives no meio da minha viagem.

Estar com meu marido, minhas filhas e minha família em PRESENÇA é inegociável para mim.

Enquanto eu passeava no deserto em Dubai…

a Editora Saberes Sistêmicos participou de 6 eventos nas 3 semanas em que estou fora do Brasil, minha empresa de cursos online continuou rodando de forma saudável e em breve trarei novidades sobre o Método Empreender com C.A.L.M.A e como construir o seu método autoral para se destacar da concorrência.

Confesso que estou super animada e volto ao Brasil este final de semana com uma mala cheia de ideias fresquinhas. Descansar também faz parte da jornada. Por isso, nunca adapte o seu estilo de vida ao seu negócio. Adapte o seu negócio ao seu estilo de vida. Isso sim é ter sucesso.

Você Acredita que Merece Descansar?

Tá bom, você já sabe que descansar é imprescindível para a sua saúde mental, física, emocional, espiritual, para ter relacionamentos saudáveis e criar a vida dos seus sonhos.

Mas você descansa de verdade ou faz isso daqui:

• Você está mentalmente cansada e fica rolando o feed.

• Você está físicamente cansada e liga a televisão.

• Você está emocionalmente cansada e sai para uma festa barulhenta.

• Você está exausta e vai ler notícias.

• Você tenta descansar e a mente fica preocupada pensando em mil coisas do trabalho ou dos cuidados com os filhos.

Em uma sociedade supercomunicativa o silêncio interior traz as respostas que você tanto busca. O entorpecimento dos sentidos com o falso descanso leva ao burnout. Não romantize isso.

Uma mulher com o feminino curado, sabe que ela merece descansar SEM CULPA.

Quando é que você vai elevar o seu senso de MERECIMENTO?

Essa foi a maior virada de chave que tive depois do câncer de mama. Mudou o rumo do meu negócio.

Se você ainda acredita que o único caminho é o do esgotamento e da sobrecarga é porque ainda está no modo masculino de fazer as coisas. Existe um jeito mais leve e feminino de empreender.

Esse jeito me salvou. Se você está frustrada tentando fazer “dar certo” do jeito masculino, você vai adorar as novidades que vou divulgar por aqui nas próximas semanas 👀

Por Dentro do meu 🧠

🎥 O que estou assistindo: Na ida para Dubai vi no avião Ficção Americana, que recebeu 5 indicações ao Oscar este ano e venceu o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado. Achei genial, um humor inteligente e sarcástico. Meu tipo de filme. Tem no Prime Video.

🎵 O que estou ouvindo: Aceitação Radical - Tara Brach. Estou ouvindo no Audible.

📕 O que estou lendo: Os Sete Maridos de Evelyn Hugo - Taylor Jenkins Reid. Entrei para o clube do livro da minha amiga Fabi Ormerod e essa é a leitura do mês. Quando eu concluir posto minha opinião.

💌 Meu convite para você: te convido a me seguir no meu Insta novo @eudeafelicio onde falo sobre construção de negócios sólidos, sistêmicos e sustentáveis

Seu feedback é muito importante para mim!!!

👁️ Laboratório do Ser #028 - próxima segunda 18h

Não consegui escrever aqui no Chipre tanto quanto eu gostaria. Quem já viu o filme Casamento Grego? Com minha família grega é assim: falam todos ao mesmo tempo e bem alto, nos abraçamos muito, rimos junto, brigamos, choramos, nos abraçamos mais ainda. Por enquanto não quebramos pratos.

Eu adoro ser casada com um grego e amo minha família desse lado do planeta. Infelizmente não os vejo com muita frequência porque estão bem longe. Por isso, priorizei o TEMPO com quem eu amo. Chamo isso de coerência.

Enquanto estou fora, deixar aqui algumas das Newsletters preferidas do pessoal para você ler:

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✍️ Escrita por Andrea Felicio compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Mentalidade, Mulheres e Marketing.

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